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Mianmar: jornalista americano condenado a 11 anos de prisão por junta militar

Um jornalista americano detido desde maio em Mianmar foi condenado nesta sexta-feira (12) a 11 anos de prisão pela junta militar, que asfixia a imprensa desde o golpe de Estado de fevereiro. ONU pede libertação de todos os jornalistas presos no país.

Esta foto fornecida pela família mostra Danny Fenster em Yangon, Mianmar, em 2020.
Esta foto fornecida pela família mostra Danny Fenster em Yangon, Mianmar, em 2020. AP
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"Danny Fenster foi condenado a 11 anos de prisão por incitação à dissidência, associação ilegal e violação à lei sobre vistos", declarou à AFP o advogado Than Zaw Aung..

Ele afirmou que o cliente ainda não decidiu se apresentará uma apelação.

O repórter, detido em uma prisão da junta militar de Yangon, também foi acusado há dois dias por terrorismo e sedição, o que pode resultar em pena de prisão perpétua.

Fenster é o primeiro jornalista ocidental detido em muitos anos em Mianmar, onde os militares tomaram o poder em fevereiro, quando derrubaram o governo civil dirigido de fato por Aung San Suu Kyi.

O meio de comunicação para o qual trabalhava, o Frontier Myanmar, afirmou em um comunicado que estava "profundamente decepcionado" com a decisão tomada em um julgamento realizado a portas fechadas na prisão.

"Apenas queremos ver Danny livre o mais rápido possível para que possa ir para casa com sua família", acrescentou.

Preso no aeroporto

O jornalista de 37 anos trabalha para o Frontier Myanmar desde meados de 2020 e cobriu o golpe militar e a posterior repressão aos dissidentes. Aung San Suu Kyi está em prisão domiciliar e está sendo julgada por várias acusações.

No momento de sua detenção, no aeroporto inernacional de Yangon em 24 de maio, Fenster pretendia embarcar em um avião para deixar Mianmar.

O jornalista, que contraiu Covid-19 na prisão, de acordo com a família, perdeu muito peso, afirmou o advogado.

Sentença escandalosa

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bahcelet, pediu que a junta militar "liberte imediatamente" todos os jornalistas presos no cumprimento do trabalho.

"Os atentados contra os jornalistas e os meios de comunicação só fazem aumentar as vulnerabilidades de uma parte importante da sociedade que precisa de informações precisas e independentes", denunciou Bachelet em um comunicado. 

A sentença é "escandalosa e inaceitável (...) as acusações foram completamente inventadas", declarou Phil Robertson, vice-diretor para Ásia da Human Rights Watch.

"Envia uma mensagem não apenas aos jornalistas internacionais (...) mas também aos birmaneses de que informar sobre a situação pode significar muitos anos de prisão", afirmou à AFP o consultor do 'Crisis Group Myanmar', Richard Horsey.

"Este regime não respeita nenhuma regra. Está determinado em fazer o que quer", lamentou Horsey. Para ele, a condenação do jornalista é um "grande revés para a diplomacia americana" que fez muitos esforços por sua libertação.

Mianmar está em um cenário de caos e instabilidade desde o golpe de fevereiro: os militares executaram uma violenta repressão e mais de 1.200 pessoas morreram, segundo uma ONG local.

A imprensa também sofreu as consequências da repressão, com mais controle da informação por parte da junta militar, acesso limitado à internet e a revogação de algumas licenças de meios de comunicação locais.

Mais de 100 jornalistas foram detidos desde o golpe contra Suu Kyi, de acordo com a Reporting ASEAN, uma associação de defesa dos direitos, que indica que 31 continuam presos.

(com informações da AFP)

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