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Manifestantes são feridos a tiros em protestos por democracia em Mianmar

Pelo menos seis pessoas ficaram feridas em Mandalay, no centro de Mianmar, neste sábado (20), durante uma manifestação pró-democracia, cerca de três semanas depois do golpe de Estado que derrubou a líder Aung San Suu Kyi do poder. Os protestos ocorrem um dia depois da morte de uma jovem de 20 anos, atingida por um tiro na sexta-feira (19) em Rangoon, que se tornou a primeira vítima da repressão militar.

Ativistas pró-democracia diante da repressão do Exército de Myanmar.
Ativistas pró-democracia diante da repressão do Exército de Myanmar. AP
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Milhares de ativistas também voltaram às ruas de Rangoon, a capital econômica do país, desafiando a repressão militar que tenta abafar os protestos, apesar da repercussão internacional. A multidão prestou homenagens à jovem e uma coroa fúnebre foi depositada perto do famoso Pagode Shwedagon, no centro da cidade. Mya Thwate Thwate Khaing morreu após passar 10 dias na UTI. "A bala que a perfurou atingiu todas as nossas cabeças", disse um manifestante. "Você é nossa mártir", escreveu outro participante dos protestos, colocando uma rosa branca em frente a sua foto.

A jovem foi atingida na cabeça por uma bala de verdade, de acordo com os médicos que a atenderam. As autoridades, no entanto, afirmam que apenas projéteis de borracha foram usados ​​pela polícia naquele dia. O enterro está programado para acontecer neste domingo (21).

Representantes de minorias étnicas, em trajes tradicionais, participaram do cortejo deste sábado. Os manifestantes exigem o retorno do governo civil, a libertação dos detidos e a abolição da Constituição, considerada muito favorável aos militares. Em resposta aos protestos, a internet foi cortada pela sexta noite consecutiva em Myanmar, enquanto o governo ignora a pressão internacional.

Quase três semanas depois do golpe que derrubou o governo de Aung San Suu Kyi e pôs fim a uma frágil transição democrática de 10 anos, os protestos e o anúncio de novas sanções não enfraqueceram os militares, que estão no comando do país.

Mais de 500 presos

Em menos de três semanas, quase 550 pessoas foram presas. Entre elas, há líderes políticos, oficiais em greve, monges e ativistas, de acordo com uma ONG que presta assistência aos presos políticos.

A maior parte dos protestos ocorridos nas últimas semanas é pacífica, mas a polícia não hesitou em usar canhões de água, gás lacrimogêneo e balas de borracha para conter os manifestantes. Em Myitkyina, no norte do país, pequenos grupos de manifestantes foram dispersos por policiais e soldados armados com cassetetes.

Em Monywa, no centro do país, um soldado fez uma saudação com três dedos, em um gesto de resistência, antes de se juntar a uma manifestação, de acordo com imagens postadas nas redes sociais.

A junta militar relatou a morte de um policial no início desta semana. O medo de represálias é grande em Mianmar, onde as duas últimas revoltas populares de 1988 e 2007 foram reprimidas pelo Exército. Apesar disso, os apelos à desobediência civil continuam no país, com médicos, professores, controladores de tráfego aéreo e ferroviários ainda em greve.

EU discute a crise

Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia se reunirão na segunda-feira (22) para discutir possíveis medidas contra os militares de Mianmar. “Sancionar certos líderes militares é simbolicamente importante, mas não terá um impacto significativo”, advertiu a ONG Burma Campaign, do Reino Unido. “É improvável que eles tenham bens para congelar na União Europeia, e uma proibição de visto equivale a nada mais do que uma proibição de férias”, acrescentou, defendendo medidas coercitivas contra conglomerados poderosos controlados pelos militares.

Pequim e Moscou, aliados tradicionais do exército de Mianmar nas Nações Unidas, consideram a crise como "um assunto interno" do país.

Aung San Suu Kyi, de 75 anos, é mantida incomunicável desde a sua prisão. Ela foi indiciada por razões que não passam pela política. Suu Kyi é acusada de importação "ilegal" de walkie-talkies e de violação de uma lei sobre o gerenciamento de desastres naturais. Os militares justificaram seu golpe de Estado com alegações de fraude massiva nas eleições de novembro, vendidas pelo partido dela.

(Com informações da AFP)

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