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Após EUA, Rússia rompe com o Tratado Céus Abertos

O governo russo anunciou nesta sexta-feira (15) sua retirada do Tratado Céus Abertos, que permite sobrevoar territórios e verificar movimentos militares entre os signatários, porque os Estados Unidos também abandonaram o acordo no ano passado.

O presidente russo, Vladimir Putin, preside uma reunião do Conselho de Segurança por meio de videoconferência na residência Novo-Ogaryovo nos arredores de Moscou, Rússia, sexta-feira, janeiro 15 de 2021.
O presidente russo, Vladimir Putin, preside uma reunião do Conselho de Segurança por meio de videoconferência na residência Novo-Ogaryovo nos arredores de Moscou, Rússia, sexta-feira, janeiro 15 de 2021. AP - Mikhail Klimentyev
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Lamentando "os obstáculos para que o tratado continue a funcionar nas atuais circunstâncias", o ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou que estava iniciando o processo de "retirada da Federação Russa do acordo Céus Abertos".

Os Estados Unidos deixaram o pacto internacional oficialmente em 22 de novembro de 2020. Assinado inicialmente por 35 países, ele entrou em vigor em 2002.

Desde então, "o equilíbrio de interesses dos Estados participantes foi consideravelmente perturbado, ocorreram graves danos ao seu funcionamento, e o papel do Tratado Céus Abertos como instrumento de reforço da confiança e da segurança foi dizimado", considerou a diplomacia russa.

Moscou afirma, entretanto, que fez todo o possível para salvar o pacto, mas suas propostas concretas "não receberam o apoio dos aliados dos Estados Unidos".

Voos de observação

O Tratado Céus Abertos dá a cada país signatário "o direito de realizar e a obrigação de aceitar voos de observação sobre seu território", para transmitir o controle de suas atividades militares e instalações estratégicas.

Para o presidente do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento russo, Konstantin Kossatshev, a decisão de seu governo era "previsível". Segundo ele, a Rússia pediu a outros países signatários, a começar pelos integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que não transferissem para Washington as informações obtidas no âmbito do acordo.

Mas eles não responderam favoravelmente, escreveu o parlamentar no Facebook, considerando que "a responsabilidade pelo que está acontecendo, que é uma situação muito infeliz, recai inteiramente sobre Washington e seus aliados da Otan".

Mais do que um tratado

Nos últimos anos, os Estados Unidos acusaram a Rússia, em diferentes ocasiões, de violar o Tratado Céus Abertos. Em maio de 2020, o presidente Donald Trump decidiu retirar seu país do pacto. A medida passou a valer seis meses depois.

Vários países europeus, incluindo França, Alemanha, Bélgica e Espanha, lamentaram a retirada dos Estados Unidos no ano passado, embora tenham indicado compartilhar as preocupações de Washington, para quem Moscou não respeitava as disposições do tratado.

Entre elas, se destacava a proibição de aeronaves aliadas de se aproximarem menos de 500 quilômetros do enclave russo de Kaliningrado, entre a Lituânia e a Polônia, e de avançar mais de 10 quilômetros na fronteira entre a Rússia e a Geórgia.

Este tratado foi concebido para "aumentar a confiança e previsibilidade" nas atividades militares dos signatários. Sem a Rússia, seu alcance será claramente reduzido, já que os participantes são agora quase todos ocidentais e membros da Otan.

Os últimos anos foram marcados pelo fim de vários tratados de desarmamento, ou de controle de armas, assinados entre os dois antigos rivais da Guerra Fria. O único que continua em vigor é o New Start, que limita os arsenais das duas potências nucleares a um máximo de 1.550 ogivas cada e que foi assinado em 2010. Mas mesmo esse pacto está na corda bamba. Ele vai expirar, e Washington e Moscou têm até 5 de fevereiro para renová-lo.

(Com informações da AFP)

 

 

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