Acessar o conteúdo principal
Protestos/Líbano

Manifestações no Líbano afetam sistema bancário e podem ter impacto na Síria

Os libaneses voltaram às ruas esta semana para protestar contra a crise econômica e a demora na formação de um novo governo. Os bancos têm se tornado o alvo frequente dos manifestantes, que atacam as agências em resposta ao bloqueio de suas contas. Especialistas já temem o impacto na economia local, mas também nos países da região.

Policial faz ronda diante de agência bancária atacada durante protestos em Beirute.
Policial faz ronda diante de agência bancária atacada durante protestos em Beirute. ANWAR AMRO / AFP
Publicidade

Com informações de Bruno Faure

Há mais de 90 dias os libaneses vão às ruas para pedir a saída da classe dominante, acusada de corrupção e incompetência. Após alguns dias de relativa calmaria, os protestos retomaram esta semana no país, que está sem governo desde a renúncia do primeiro-ministro Saad Hariri, no final de outubro.

A capital Beirute foi palco de tumultos particularmente violentos nas noites de terça (14) e quarta-feira (15), com vários atos de vandalismo visando instituições bancárias. Mais de 100 manifestantes foram detidos em apenas 48 horas.

Os bancos são alvo dos ataques por causa da desvalorização de 40% da moeda no mercado paralelo, mas principalmente em razão das restrições aos saques impostas pelas agências. Dependendo da intituição, os clientes não podem retirar mais de US$ 200 por semana.

Manifestantes atacam agências bancários em Beirute.
Manifestantes atacam agências bancários em Beirute. REUTERS/Mohamed Azakir

Impacto nos vizinhos

No entanto, além da situação caótica no Líbano, as restrições bancárias começam a atingir a economia regional. “Vemos consequências imediatas na Síria”, afirma Samir Aita, presidente do Círculo dos economistas árabes, que fala do risco de uma falência do sistema bancário local. 

“Estima-se que um terço dos depósitos feitos nos bancos libaneses são ligados à Síria. Com as sanções americanas visando a Síria, o Líbano é o único pulmão pelo qual os sírios e até as agências da ONU compram bens de primeira necessidade. E nesse momento [por causa das restrições nos bancos], as importações dos sírios e as ajudas dadas pelas Nações Unidas estão praticamente paradas”, alerta.

“Essa situação obriga os libaneses a apertarem os cintos, mas também pode provocar fome na Síria”, conclui.

O Líbano já tem uma dívida de cerca de US$ 90 bilhões, o equivalente a mais de 150% do PIB. O Banco Mundial (BM) alertou em novembro passado que metade da população do país poderá cair na pobreza.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.