ONU começa a reunir provas sobre crimes de guerra na Síria
A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou nesta quarta-feira (21) a criação de um painel para reunir provas sobre os crimes de guerra na Síria. Esse é considerado o primeiro passo para levar à justiça os responsáveis por atrocidades na guerra civil de seis anos no país.
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A resolução para criar o painel de investigação foi adotada por 105 votos contra 15. Também foram registradas 52 abstenções. O painel trabalhará junto com a Comissão de Investigação das Nações Unidas. O grupo já entregou vários relatórios que detalham as atrocidades cometidas durante a guerra que já matou 310 mil pessoas.
O painel também reunirá documentos, listas de testemunhas e gravações de vídeo que algum dia poderão ser usados em um tribunal. A medida preparada por Liechtenstein foi proposta por 58 países, entre eles Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Alemanha, Turquia, Arábia Saudita e Qatar.
O rascunho do projeto informa que "coletará, consolidará, preservará e analisará a evidência de violações e abusos ao direito internacional humanitário e aos direitos humanos, e preparará arquivos para facilitar e acelerar os procedimentos criminais e independentes".
"Finalmente estamos dando um passo para satisfazer as expectativas que durante tanto tempo citamos", disse a embaixadora de Liechtenstein, Christina Wenaweser.
Síria denuncia "flagrante interferência"
O embaixador sírio, Bashar Jafaari, criticou a medida, afirmando que contraria a Carta da ONU. Segundo ele, a decisão é "uma flagrante interferência nos assuntos internos de um Estado-membro das Nações Unidas".
Já os grupos de direitos humanos aplaudiram a decisão. "Ao estabelecer um mecanismo de investigação, a Assembleia Geral ajuda a pavimentar o caminho para a prestação de contas após anos de atrocidades sem controle", declarou o assessor de Justiça internacional da Human Rights Watch, Balkees Jarrah.
No entanto, o caminho para o início de uma investigação sobre crimes de guerra na Síria é longo. China e Rússia, principal aliado da Síria e que têm poder de veto na ONU, já bloquearam em 2014 um pedido do Conselho de Segurança para que a Corte Penal Internacional sobre a questão.
(Com informações da AFP)
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