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Síria/Guerra civil

Para imprensa francesa, queda de Aleppo revela uma ordem mundial 'ignóbil'

A queda de Aleppo é a principal manchete internacional da imprensa francesa nesta quarta-feira (14). Os jornais comparam a batalha para a reconquista da segunda maior cidade da Síria com o massacre de Srebrenica, em julho de 1995. Em 14 dias, o exército bósnio da Sérvia matou 8.373 bósnios muçulmanos, criando um novo trauma de guerra na Europa. Na época, os europeus e a comunidade internacional foram acusados de cumplicidade e imobilismo. Para Le Monde, a agonia de Aleppo lembra o massacre de Srebrenica e não anuncia nada de bom. 

O regime sírio está prestes a retomar o controle completo de Aleppo das mãos dos rebeldes.
O regime sírio está prestes a retomar o controle completo de Aleppo das mãos dos rebeldes. REUTERS/Omar Sanadiki
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Considerado um dos eventos mais terríveis da história recente, o massacre de Srebrenica foi o maior assassinato em massa da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Foi o primeiro caso legalmente reconhecido de genocídio na Europa depois do Holocausto.

Na Síria, o massacre promovido pelo regime de Damasco contra a população e os rebeldes, e ainda com o apoio da Rússia e do Irã, entrará para a história como uma tragédia ainda mais sórdida, de acordo com os jornais franceses. O conflito já é a maior catástrofe humanitária deste início de século, com 300 mil mortos em cinco anos. 

O jornal Le Figaro diz que a Síria, mais do que o Iraque, terá um papel determinante na região no futuro próximo. O país se tornou um palco de competição entre políticos locais, minorias, correntes religiosas xiitas e sunitas, potências regionais e ocidentais, enfim, um poço de rivalidades.

Ocidentais terão que se resignar com Bashar Al-Assad

Para Le Figaro, o fortalecimento do Irã, aliado do regime de Bashar al-Assad, terá sérias consequências, principalmente porque "os ocidentais deixaram as negociações políticas nas mãos dos russos". Fatalista, Le Figaro observa: os ocidentais terão de se resignar com o restabelecimento político e militar do ditador de Damasco.

O jornal Libération diz que os canais diplomáticos devem permanecer abertos com Moscou, mas o veículo progressista acusa "todos aqueles que assistiram calados ao massacre de civis promovido pelo presidente russo, Vladimir Putin, e o sírio Bashar al-Assad". "Depois, não venham dizer que não foram cúmplices de crimes de guerra", declara indignado Libération. Diante do fracasso das Nações Unidas em evitar essa tragédia, com o Conselho de Segurança dominado pela Rússia, o jornal atesta o "estado cadavérico" da comunidade internacional.

Para Le Monde, a maioria dos moradores do leste de Aleppo preferiu viver sob a violência da rebelião do que se submeter às torturas da ditadura de Assad. "Não se pode esperar nada de bom da ordem ignóbil que triunfou em Aleppo", adverte Le Monde.

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