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Linha Direta

Cameron adverte UE sobre risco de novos plebiscitos

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O voto pró-Brexit colocou o futuro da União Europeia em jogo. Bruxelas quer a saída imediata do Reino Unido do bloco. Mas ao se despedir da cena política em Bruxelas durante o jantar da Cúpula da UE, nesta terça-feira (28), o primeiro-ministro britânico, David Cameron, não se mostrou disposto a uma ruptura precipitada, mas alertou que é importante rever as regras de livre circulação no bloco.

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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

Em Bruxelas, o premiê britânico David Cameron defendeu uma separação suave e construtiva do bloco. “O fato de estarmos deixando a União Europeia não significa que estamos virando as costas para a Europa”, assegurou. Desde o voto pró-Brexit, que provocou um terremoto político no Reino Unido e desestabilizou a UE, a Europa tem pedido aos britânicos que iniciem o processo de saída o mais rápido possível. Mas como era esperado, Cameron não ativou o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que iniciaria o processo de ruptura do Reino Unido com o bloco.

Durante a reunião de Cúpula, a França adotou um tom duro, bastante crítico, enquanto a Alemanha se mostrou mais tolerante com o caos político no qual o Reino Unido está mergulhado. Apesar da divisão, a pressão de Bruxelas deve aumentar assim que um novo governo britânico for nomeado. No jantar de trabalho, os dirigentes do bloco voltaram a descartar qualquer possibilidade de negociações informais sobre um futuro acordo comercial com o Reino Unido. Isso só será possível quando os britânicos formalizarem seu pedido de saída.

Imigração é uma das maiores preocupações dos britânicos, diz Cameron

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, deve convocar uma reunião extraordinária dos 27 líderes do bloco em setembro, na Eslováquia, para discutir o futuro da União Europeia. Desta vez, sem a presença de David Cameron. A imigração foi outra questão abordada por Cameron em Bruxelas, que sua última aparição na cena política de Bruxelas para alertar os líderes europeus de que as regras de livre circulação do bloco precisam ser reformadas para que o Reino Unido mantenha laços econômicos com o continente.

Segundo Cameron, a grande preocupação dos eleitores britânicos que deram vitória ao Brexit foi a imigração, a falta de confiança no controle das fronteiras do país. Alguns especialistas interpretam a reação de David Cameron como um sinal de que haverá um futuro acordo com Bruxelas nos próximos meses. Porém mais cedo, a chanceler alemã Angela Merkel, enfatizou que o Reino Unido não deverá escolher apenas o que interessa, como por exemplo, o mercado comum europeu.

Merkel afirmou que isso não será possível, sem aceitar princípios básicos como a livre circulação de cidadãos em seu território. Mesmo sabendo não contar mais com privilégios, Cameron insistiu em chamar atenção dos dirigentes sobre o risco de outros países europeus convocarem referendos caso não haja reformas nas regras de livre circulação do bloco.

Escócia quer preservar relação com a UE

A Cúpula Europeia continua nesta quarta-feira sem a presença de Cameron. Porém, a primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon está em Bruxelas para explicar a posição e o interesse de seu país em fazer o que for preciso para continuar na União Europeia. Sturgeon não participa da reunião de Cúpula mas vai se reunir com o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz e terá encontros com representantes jurídicos da Comissão Europeia para discutir questões relativas à livre circulação de pessoas e acesso ao mercado único.

No referendo sobre o Brexit, 62% dos eleitores escoceses votaram pela permanência na UE. Sturgeon, que é líder do Partido Nacional Escocês (SNP), disse estar “absolutamente determinada” em lutar pelo futuro da Escócia no bloco europeu. Segundo a líder independentista, a Escócia enfrenta a perspectiva de ser levada para fora da UE contra sua vontade. Isso explica sua intenção em querer negociar diretamente com Bruxelas. Esta semana, a premiê escocesa afirmou que a realização de um novo referendo sobre a independência do país do Reino Unido é “altamente provável”.

Há dois anos, os escoceses foram às urnas, mas o “não” venceu com uma margem de cerca de 10 pontos percentuais. Se houver um novo referendo sobre a independência e o “sim” sair vitorioso, a Escócia colocaria fim a uma união de 300 anos entre as duas nações.

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