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Egito/ mulheres

Egípcias realizam protesto contra violência sexual na praça Tahrir

Mulheres egípcias, cercadas de voluntários encarregados de sua segurança, fizeram uma manifestação na sexta-feira na Praça Tahrir, no Cairo, para denunciar as agressões sexuais que sofreram neste local que virou símbolo da revolução em 2011. "Queremos ser tratadas como cidadãs e não como fêmeas", reclamou Rasha Kamel, uma ginecologista de 38 anos e uma das organizadoras desta ação.

Mulheres ficam em grupos quando participam de protestos na praça Tahrir, no Cairo.
Mulheres ficam em grupos quando participam de protestos na praça Tahrir, no Cairo. REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
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As manifestantes pediam uma “Tahrir segura”. Nas ruas da capital egípcia, o assédio às mulheres, cobertas ou não com o véu, com frases e gestos obscenos, é um fenômeno recorrente. Durante a revolta de janeiro e fevereiro de 2011, várias egípcias, assim como jornalistas estrangeiras, foram vítimas de ofensas sexuais nessa praça.

Em 11 de fevereiro de 2011, quando a multidão festejava a queda do presidente Hosni Mubarak, uma correspondente do canal americano CBS, Lara Logan, foi vítima de uma violenta agressão sexual, quando entre 200 e 300 homens se lançaram sobre ela. Em novembro de 2011, uma jornalista do canal francês France 3, Caroline Sins, declarou à AFP que teve as roupas arrancadas e corpo apalpado.

Os casos foram amplamente divulgados e chamaram a atenção internacional sobre o problema no país, mas não provocaram reações das autoridades. Nenhum dos envolvidos foi sequer identificado. Sem punição, os assédios permanecem.

Em 2 de junho passado, uma jovem estrangeira denunciou à organização não-governamental Nazra que um grupo de homens a agarrou, tirou suas calças e a molestou com as mãos. Poucos dias mais tarde, um grupo de mulheres se manifestou contra o assédio sexual foi atacado, assim como uma estudante britânica de jornalismo, Natasha Smith, que afirmou ter sido vítima de agressão sexual.

Para muitos observadores, a semelhança dos ataques e o fato de aconteceram no mesmo ponto na Praça Tahrir sugerem atos premeditados.

Para Ahmed Niazy, um dos homens que participaram na marcha de sexta-feira, o regime - que, segundo ele, não caiu de verdade - utiliza a agressão sexual para reprimir a liberdade de expressão. “Para eles, as mulheres constituem o setor mais frágil da sociedade e essa é a maneira que encontraram de pressionar os revolucionários”, afirmou.

Hoje, as mulheres que desejam participar das manifestações na praça vão armadas de um revólver de plástico carregado de uma mistura de mercúrio e pimenta vermelha, para se defender contra eventuais ataques e também marcar os homens responsáveis pelos avanços.
 

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