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Egito/Eleição presidencial

Presidencial no Egito leva 50 milhões de eleitores às urnas

Cerca de 50 milhões de eleitores egípcios, entre os 82 milhões de habitantes do país, devem votar nestas quarta e quinta-feira no primeiro turno das presidenciais no Egito. Essa primeira eleição presidencial não manipulada da história do país, 16 meses após a queda de Hosni Moubarak, derrubado por uma revolta popular, opõe 12 candidatos.

Soldado egípcio carrega caixa contendo cédulas eleitorais das presidenciais no Cairo, nesta terça-feira.
Soldado egípcio carrega caixa contendo cédulas eleitorais das presidenciais no Cairo, nesta terça-feira. REUTERS/Ammar Awad
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As pesquisas eleitorais dão como favoritos dois liberais e dois candidatos islâmicos. Pela ordem, Amr Mussa, ex-secretário-geral da Liga Árabe e ex-ministro de Moubarak, e o ex-premiê Ahmed Chafik, ex-general favorito dos militares e dos coptas egípcios. No campo dos religiosos concorrem Mohamed Morsi, candidato do partido Irmandade Muçulmana, e Abdel Moneim Abul Fotuk, um dissidente da confraria. Os outros adversários aparecem distanciados nas pesquisas, incluindo o chamado "candidato dos pobres" Hamdine Sabahi, que se reivindica o único representante legítimo dos revolucionários. 

O resultado da votação é imprevisível pelo elevado número de indecisos. Os eleitores parecem mais inclinados a escolher em função das qualidades pessoais dos candidatos, do que por seus programas, da trajetória política ou convicção ideológica.

A apuração deve estar concluída no sábado. Os resultados oficiais da votação serão anunciados na próxima terça-feira. Pelas regras fixadas, para vencer no primeiro turno o candidato deve obter mais de 50% dos votos. O segundo turno foi programado para os dias 16 e 17 de junho. A taxa de participação é esperada em torno de 60%, a exemplo das recentes eleições parlamentares.

Presidente liberal ou islâmico?

A questão recorrente da campanha, nos últimos meses, era saber se o novo presidente egípcio será um fundamentalista islâmico, um islâmico moderado ou um político liberal. Os poderes do novo dirigente não estão claros, nem a relação de forças que ele terá com o parlamento, dominado pelos partidos islâmicos. 

O Egito continua sem uma nova Constituição. O texto deveria estipular o lugar da chariá (a lei islâmica) na sociedade e o regime de governo (presidencialista ou parlamentarista). Para complicar, analistas estimam que a transição democrática e o retorno dos civis ao poder podem ser prejudicados pela difícil situação econômica do país e os problemas de segurança interna. A tentação de nomear um punho de ferro para conter as turbulências sociais ainda está presente.   

Durante as três décadas em que ficou no poder, o ex-presidente Hosni Moubarak foi reeleito várias vezes por referendo ou plebiscito. Em 2005, sob pressão dos Estados Unidos, ele aceitou abrir a eleição presidencial ao multipartidarismo, mas os critérios restritos impostos aos candidatos acabaram impedindo a realização de eleições livres e competitivas.

Futuro dos militares: uma incógnita

Outra grande incógnita dessa eleição histórica é o futuro das Forças Armadas. Há sessenta anos, com momentos piores outros melhores, o Egito vem sendo governado pelos interesses militares.

O presidente do Conselho Supremo das Forças Armadas e ex-ministro da Defesa de Moubarak, general Mohamed Hussein Tantaoui, governa de fato o Egito desde a queda do ex-ditador. Ele prometeu entregar as rédeas do poder a partir de julho. 

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