Líbios e americanos investigam relação entre petrolíferas e Kadafi
As autoridades americanas e líbias estão investigando as relações entre as companhias petrolíferas estrangeiras e o regime do ex-ditador Muammar Kadafi, de acordo com uma reportagem do Wall Street Journal, confirmado ontem por uma autoridade do país. As empresas italiana Eni e francesa Total seriam as mais implicadas.
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O Ministério Público da Líbia investiga sobre as possíveis irregularidades financeiras cometidas por “atores estrangeiros e líbios na Líbia”, de acordo com Abdelmajid Saad, procurador-geral-adjunto, citado pelo jornal americano. Salem Qanan, diretor da Comissão Petrolífera do Conselho Nacional de Transição líbio (CNT), confirmou a informação.
“Existem suspeitas sobre alguns contratos concluídos entre a Companhia Nacional do Petróleo e companhias estrangeiras, que parecem ter sido influenciados por Saif al Islam [um dos filhos de Kadafi]”, afirmou.
O MP local solicitou diversos documentos, em março, ao responsável de uma auditoria na Companhia Nacional do Petróleo (NOC). A documentação inclui transações realizadas com a gigante de matérias-primas Glencore e a Vitol, a líder mundial de comércio de petróleo.
“Respeitando os contratos passados, o governo deve se assegurar que eles são transparentes e não estão sob qualquer suspeita”, justificou Mohammed al Harizey, porta-voz do CNT.
O assessor de comunicação da NOC, Ahmed Shawki, confirmou que a companhia entregou todos os documentos solicitados, “como manda a lei”. Segundo o Wall Street Journal, autoridades americanas que fiscalizam operações de mercado pediram detalhes à Eni e à Total sobre as transações realizadas na Líbia durante o regime de Kadafi, que poderiam conter “certos depósitos ilícitos a oficiais libios, o que poderia violar a lei americana sobre corrupção no exterior”.
A Eni é a principal operadora estrangeira de petróleo no país norte-africano e afirma que foi questionada sobre os negócios fechados entre 2008 e o início de 2011. A americana Marathon Oil Corp também foi procurada para prestar esclarecimentos em fevereiro.
Em caso de comprovação de ilegalidades, as companhias podem ser condenadas a pagar uma multa de “pelo menos o dobro” dos valores envolvidos, e poderiam enfrentar dificuldades para fechar novos contratos, conforme o jornal.
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