Partido do Renascimento Islâmico anuncia vitória na Tunísia
O partido islâmico Ennahda anunciou sua vitória nas eleições na Tunísia deste domingo, e se comprometeu a respeitar os direitos das mulheres e das minorias religiosas no país, segundo um dos membros da direção, Nourreddine Bhiri. Com a chegada da legenda ao poder, a comunidade ocidental teme um retrocesso em relação aos direitos das mulheres.
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Os resultados oficiais devem ser divulgados nesta terça-feira, mas o partido teria obtido 30% dos votos válidos. O PDP (Partido Progressista Democrático), por sua vez, reconheceu sua derrota. Essas são as primeiras eleições no país desde a revolta popular que culminou na queda do ditador Ben Ali e deu início à Primavera Árabe. Mais de sete milhões de pessoas foram às urnas neste domingo, o que representa uma taxa de participação de 90%. Cerca de 110 partidos disputaram as 217 cadeiras da Assembleia Constituinte.
Segundo o representante do Ennahda, "serão respeitados os direitos das mulheres e de igualdade entre todos os tunisianos, independemente da religião, sexo, ou classe social." O crescimento do partido do Renascimento Islâmico na cena política preocupa a oposição. As tunisianas são protegidas por leis que proíbem a poligamia, autorizam o aborto e o divórcio na Justiça, diferentemente de boa parte das muçulmanas no mundo árabe. As leis, instituídas em 1956, permitiram às mulheres, que representam 50% da população, a inserção em todos os setores da economia.
De acordo com o representante do Ennahd, o partido também vai respeitar seus compromissos internacionais. A Tunísia possui um acordo de livre comércio com a União Europeia e é signatária da convenção da ONU contra discriminação contra a mulher. O número de cadeiras que será reservado ao partido na assembleia constituinte deve ser anunciado amanhã. Os parlamentares serão encarregados de redigir a nova Constituição do país.
Chária na Líbia
O chanceler francês Alain Juppé declarou nesta segunda-feira que será '"vigilante" em relação aos valores democráticos na Líbia. O presidente do CNT (Conselho Nacional de Transição), Moustapha Abdeljalil, declarou neste domingo que aplicaria a charia, lei islâmica, no país. Sendo assim, a lei que proíbe a poligamia não teria, segundo ele, mais ‘nenhum valor.’
O representante líbio explicou, nesta segunda-feira, que se tratava apenas "de um exemplo", e nenhuma lei sofreria modificação. Para Juppé, "este é um problema para a dignidade da mulher" acrescentando que "a Primavera Árabe traz esperança mais também traz riscos." Em Bruxelas, Maja Kocijancic, porta-voz da chefe da diplomacia europeia, também reagiu, dizendo que "a política na Líbia deve se apoiar no respeito dos direitos humanos e princípios democráticos."
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