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Linha Direta

Vaticano: novos escândalos financeiros mostram difícil combate de Francisco

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O recente escândalo chamado de novo "Vatileaks" está sacudindo o Vaticano. Na quinta-feira (5), na Itália, serão lançados dois livros com revelações de documentos secretos vazados que afirmam que as finanças do Vaticano são mal administradas e que doações para os pobres serviriam para manter o estilo de vida luxuoso de cardeais. No último fim de semana duas pessoas foram detidas , suspeitas de roubar documentos secretos e fornecer informações confidenciais aos jornalistas autores dos livros.  

Dois livros chegam às livrarias italianas  na quinta-feira com provas sobre a corrupção no Vaticano.
Dois livros chegam às livrarias italianas na quinta-feira com provas sobre a corrupção no Vaticano. Reuters/Tony Gentile
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Gina Marques, correspondente da RFI Brasil em Roma

As polêmicas publicações que estão estremecendo o Vaticano são dois livros diferentes escritos por jornalistas investigativos: "Avareza" de Emiliano Fittipaldi, colunista da revista semanal italiana L'Espresso, e "Via Crucis" de Gianluigi Nuzzi do grupo Mediaset.

O "Avareza" , de 224 páginas, é uma investigação que mostra documentos originais, com planos articulados de dentro da Igreja para desvendar riqueza, escândalos e segredos do Vaticano. Cerca de 20 páginas do livro contêm reproduções fotográficas destes documentos, balanços e relatórios.

Já o “Via Crucis” de Nuzzi, de 336 páginas, é uma análise que parte de gravações e documentos inéditos para contar a difícil luta do Papa Francisco para mudar a Igreja.

Os dois livros se baseiam no vazamento de documentos confidenciais que revelariam a má gestão das finanças do Vaticano e os males da Cúria Romana. Por exemplo: cerca de 80 % das doações caritativas seriam usados para manter um estilo de vida luxuoso de cardeais. Alguns privilegiados ligados à Igreja pagariam apenas €6 por mês, cerca de R$25 pelo aluguel de apartamento de até 500 metros quadrados num bairro nobre de Roma. Pior ainda, cerca de €400 milhões, aproximadamente R$1,7 bilhão , teriam sido desviados do "Óbolo de São Pedro" - que recolhe doações do mundo inteiro- para a Cúria Romana. Os documentos revelariam também que continuam as movimentações ilícitas no banco do Vaticano, Instituto de obras Religiosas ( Ior) . Lembramos que , segundo o Vaticano, o banco passou por uma restruturação obrigatória, pois até a eleição de Francisco era suspeito de lavagem de dinheiro e não respeitava as regras internacionais de transparência.
Mas os livros mostram principalmente que há uma forte resistência às reformas financeiras que o papa Francisco tenta implementar.

Prisões

O Vaticano prendeu duas pessoas no último fim de semana acusadas de roubar documentos secretos e fornecer informações confidenciais aos jornalistas autores dos livros. São o padre espanhol Lucio Angel Vallejo Balda, 54 anos, ligado à Opus Dei , ex- secretário da já dissolvida Prefeitura dos Assuntos Econômicos da Santa Sé (Cosea) e italiana Francesca Imaculada Chaouqui, 33 , Relações Públicas e ex-membro da mesma comissão. Ela está colaborando com os investigadores e já foi liberada. O padre Balda continua preso dentro da Cidade do Vaticano, na mesma cela onde ficou detido Paolo Gabrieli, o ex-mordomo de Bento XVI, também acusado de roubar e divulgar documentos secretos no chamado primeiro Vatileaks. Eles poderão ser julgados e podem pegar até 8 anos de prisão. Segundo a imprensa italiana, o motivo que levou o padre Balda e a sua protegida Chaoqui a roubar os documentos seria a frustração. Eles queriam ser nomeados para a Secretaria da Economia, criada pelo Papa, e acabaram sendo excluídos.

A gota d'água para esta exclusão foi em abril do ano passado quando eles deram uma festa para assistir a cerimônia de canonização dos papas João Paulo II e João XXIII no enorme terraço com vista para a Praça São Pedro para 150 convidados privilegiados. Enquanto milhares de pessoas dormiam ao relento na praça para participar da cerimônia, os vips brindavam no terraço panorâmico. Não é o estilo do Papa Francisco, que acabou afastando os dois de cargos de comando no Vaticano.

 

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