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Linha Direta

Igreja Ortodoxa e 39% da população da Rússia apoiam ataques na Síria

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O Senado russo aprovou nesta quarta-feira (30), por unanimidade,  o uso das Forças Armadas do país no exterior. E ontem mesmo já foi feita a primeira incursão militar russa na Síria, bem longe das bases do grupo Estado Islâmico. Mesmo se os ataques deixam dúvidas sobre os verdadeiros alvos, o governo conta com o apoio da população e da poderosa Igreja Ortodoxa.

O presidente russo Vladimir Putin é um aliado do presidente da Síria, Bachar al-Assad.
O presidente russo Vladimir Putin é um aliado do presidente da Síria, Bachar al-Assad. Reuters
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Sandro Fernandes, correspondente da RFI Brasil em Moscou

Segundo as últimas pesquisas do centro de opinião pública Levada, aqui da Rússia, 39% dos russos aprovam completamente a política da Rússia na Síria, 11% desaprovam, 33% não se importam e 17% não sabem responder. A pesquisa foi feita há duas semanas, antes dos ataques aéreos.

Nesta quarta-feira, durante todo o dia, a televisão estatal russa mostrava cenas dos quase cinco anos de conflito na Síria, das mortes nessa guerra civil e do sucesso da operação russa de ontem na Síria. O esperado é que, com a forte maquinaria estatal de comunicação da Rússia, a opinião pública do país vá aos poucos apoiar de maneira mais contundente a incursão militar, como aconteceu durante a anexação da Crimeia.

A Igreja Ortodoxa russa, que cada vez tem mais influência no país, apoia o Kremlin na sua política na Síria e disse que a luta contra o terrorismo é uma guerra santa e que a campanha militar russa deve trazer a paz.

Ataques contra quem?

Há controvérsias sobre o verdadeiro alvo dos ataques deste 30 de setembro. A Rússia diz que foram realizados 20 voos e que os aviões russos conseguiram destruir postos de comando dos jihadistas do grupo Estado Islâmico nas montanhas da Síria. O país afirma que atacou oito pontos do grupo radical, mas garantiu que os bairros civis estão intactos.

A oposição síria, entretanto, alega que não é bem assim. Eles dizem que a Rússia atacou os rebeldes anti-Bashar al-Assad e não o grupo Estado Islâmico e que o saldo, somente ontem, seria de 36 civis mortos.

O Ministério de Exteriores da Rússia garante que essa acusação é uma informação falsa. Hoje (1°), Sergei Lavrov, ministro de Relações Exteriores russo, disse que o medo de que os ataques aéreos da Rússia não visem o grupo são "infundados".

A Rússia é uma aliada do governo de Bashar al-Assad. E é neste ponto que a Rússia e os EUA discordam. Os EUA acreditam que Assad precisa deixar o poder e só assim será possível derrotar o grupo Estado Islâmico, enquanto a Rússia defende uma coalizão com o governo de Assad para vencer o grupo terrorista.

Reação da comunidade internacional

A comunidade internacional ainda está muito cautelosa. O secretário de Defesa americano, Ashton Carter, disse que os bombardeios realizados pela Rússia aparentemente não atingiram áreas dominadas pelo Estado Islâmico.

Para o chanceler francês, Laurent Fabius, há indícios de que os ataques não foram direcionados contra o grupo Estado Islâmico, mas falou que é preciso verificar quais foram os alvos. E a Alemanha exigiu que a Rússia esclareça "os alvos e métodos" utilizados nos ataques e expressou preocupação sobre as ações russas na Síria.

John Kerry, o secretário de Estado Americano, declarou que pode vir a concordar com os ataques da Rússia se os ataques forem genuinamente contra o Estado Islâmico. Kerry deixou claro que está disposto a iniciar conversas com a Rússia ainda esta semana.

Sergei Lavrov, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, esclareceu que está pronto para sentar com o Conselho de Segurança da ONU e com a coalizão internacional que luta contra o terrorismo. A coalizão é liderada pelos Estados Unidos.

Apesar do clima diplomático, houve também algumas alfinetadas. Ashton Carter, o ministro de Defesa Americano, disse que a Rússia apenas coloca mais lenha na fogueira neste conflito sírio. E Lavrov comentou que não se deve dar ouvidos às palavras do Pentágono sobre as ações da Rússia na Síria.

 

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