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Dilma parece paralisada e brasileiros estão frustrados

Em sua edição impressa nesta segunda-feira (17), o jornal Le Figaro repercute com grande destaque em sua primeira página as manifestações de rua contra a presidente Dilma Rousseff realizadas em todas as regiões do país no domingo. Especialistas ouvidos pelo jornal explicam que o governo petista se distanciou de seu programa e frustrou os brasileiros.

Protestos deste domingo, 16 de agosto de 2015, no Brasil.
Protestos deste domingo, 16 de agosto de 2015, no Brasil. REUTERS/Paulo Whitaker
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Le Figaro afirma que os brasileiros foram às ruas pedir a saída de Dilma Rousseff do poder. A foto na primeira página do diário conservador mostra uma multidão na avenida Paulista, em São Paulo, e um cartaz escrito "Fora Dilma". Segundo o jornal francês, "vestidos com o uniforme da seleção brasileira de futebol, cerca de 400 mil pessoas foram às ruas em 240 cidades do país para mostrar indignação diante dos casos de corrupção envolvendo o governo petista e da grave crise econômica".

A foto de um boneco representando o ex-presidente Lula vestido de prisioneiro na manifestação em Brasília ilustra a reportagem nas páginas internas do Le Figaro. A correspondente Lamia Oualalou informa que as manifestações deste domingo mobilizaram menos brasileiros que nos meses de março e abril, mas os que foram à ruas mostraram sua revolta com as revelações da operação Lava Jato.

Segundo o artigo, a presidente do Brasil "parece paralisada" e o PT não consegue mais mobilizar suas bases populares. O acordo de Dilma Rousseff com o presidente do Senado, Renan Calheiros, em torno do documento batizado de "Agenda Brasil" é citado como uma estratégia de sobrevivência.

Frustração

Em entrevista ao Le Figaro, o cientista político Maurício Santoro da Universidade do Rio de Janeiro afirma que a presidente Dilma"virou refém de um programa que não é mais dela", mas que se tornou a única possibilidade de concluir seu mandato.

Também em entrevista ao jornal, Renato Meirelles, diretor do Data Popular, instituto de pesquisa especializado nas classes populares, explica porque os brasileiros estão decepcionados e frustrados com o atual governo.

Segundo ele, muitos eleitores que aplaudiram os anos Lula e ajudaram a eleger Dilma estão descontentes porque o governo adotou um programa oposto ao que prometeu durante a campanha de 2014. "Eles defendem a saída de Dilma, mas quando pensam melhor, mudam de ideia porque sua renúncia não melhoraria a situação", afirma.

Para Meirelles, o país atravessa uma crise econômica, ética e moral, mas os brasileiros já viveram dias piores no passado. A novidade, segundo o diretor do Data Popular, é a falta de perspectiva. "Os brasileiros estão perdidos, eles não conseguem se projetar. Eles querem alguém capaz de oferecer um futuro", diz.

Segundo o especialista, mesmo enfraquecido, o ex-presidente Lula ainda mantém chances para as eleições de 2018. No entanto, "outras lideranças políticas podem aparecer, mas podem ser mais conservadoras e autoritárias", alerta.
 

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