Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Interrogatório de Assange por promotores da Suécia pode dar reviravolta no caso

Publicado em:

Nesta segunda-feira (16), o jornalista e ativista australiano Julian Assange completa mil dias de asilo na Embaixada do Equador em Londres. Assange é um dos fundadores do site WikiLeaks, que desde 2010 vem publicando na internet informações confidenciais do governo americano. Simpatizantes do ativista devem realizar uma vigília na frente da sede da Embaixada para marcar a data.  

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange(à esq.), ao lado do chanceler do Equador, Ricardo Patiño, na sede da embaixada em Londres..
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange(à esq.), ao lado do chanceler do Equador, Ricardo Patiño, na sede da embaixada em Londres.. REUTERS/Chris Helgren/files
Publicidade

Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI Brasil em Londres

Julian Assange é procurado pela Justiça da Suécia por suposto envolvimento em crimes de natureza sexual, o que ele nega. Na sexta-feira (13), surgiu a notícia de que os promotores suecos que investigam o caso se dispuseram a ir a Londres para interrogar o ativista. A oferta dos promotores suecos foi considerada pelos advogados dele como uma reviravolta no caso e pode lhe dar a chance de sair da Embaixada em Londres rumo ao Equador, país que lhe deu asilo em 2012.

Assange foi acusado por duas mulheres suecas de assédio sexual e estupro, crimes que teriam ocorrido quase cinco anos atrás quando ele visitou a Suécia para dar uma palestra. Ele ainda não foi indiciado pela Justiça sueca mas é procurado para ser interrogado sobre o caso. Assange e seus advogados sempre se ofereceram publicamente para colaborar com as investigações a partir de Londres, mas os promotores suecos vinham resistindo à ideia. A lei sueca prevê um prazo para uma acusação ser investigada, e nesse caso, o prazo expira no próximo mês de agosto. Então, é possível que a mudança na atitude dos promotores suecos esteja relacionada com isso. Julian Assange nunca voltou à Suécia para prestar depoimento porque ele acredita que de lá ele poderia ser extraditado para os Estados Unidos, onde é investigado por crimes de violação da segurança nacional. O ativista ajudou a fundar o site WikiLeaks em 2006, e desde então a página vem publicando documentos confidenciais do governo americano que revelam, por exemplo, a conduta do país nos conflitos no Iraque e no Afeganistão. Assange nega as acusações contra ele na Suécia e diz que o convite para ir dar uma palestra lá e as denúncias de crimes sexuais feitas por duas mulheres envolvidas na realização da palestra foram uma armadilha para facilitar a extradição dele para os Estados Unidos.

Extradição e asilo

Em 2010, Assange foi para Londres, onde lutou contra um pedido de extradição para a Suécia na Justiça durante dois anos. Quando esse pedido foi negado em última instância, ele foi para a Embaixada do Equador e obteve asilo político. Por que ele ainda está na Embaixada e não conseguiu viajar para o Equador?

O governo do Equador deu asilo a Julian Assange com base na tese de que ele corre riscos de ter seus direitos humanos violados caso seja extraditado aos Estados Unidos. Pela Convenção de Refugiados da ONU, de 1951, Assange deveria poder exercer o direito de usufruir desse asilo livremente em território equatoriano. Mas há dois anos, ele está confinado em uma pequena sala dentro da sede da Embaixada do Equador. O governo do Reino Unido cercou a Embaixada, alegando ter a obrigação de extraditar Assange para a Suécia, segundo o sistema de Mandado de Prisão Europeu, que os suecos expediram em 2010. A polícia britânica é obrigada a prestar contas sobre suas operações e, em fevereiro, a força admitiu que os custos do cerco a Assange nesses mil dias já chegam a 10 milhões de libras, ou quase R$48 milhões. Muitos políticos britânicos e ativistas, como o prefeito de Londres, Boris Johnson, reclamam da decisão do governo de manter o cerco, argumentando que esse dinheiro poderia ter sido investido em benefícios ao contribuinte.

Nesta segunda-feira, os simpatizantes de Assange devem se reunir em frente à Embaixada do Equador em Londres para marcar estes mil dias de asilo. Esses simpatizantes são essencialmente pessoas que se declaram a favor da liberdade de imprensa. Eles lançaram várias campanhas para dar apoio a ele. Uma delas, chamada Free Assange Now, pede doações para ajudar a cobrir os custos dos advogados de defesa de Assange diante das investigações que correm contra ele tanto na Suécia quanto nos Estados Unidos. Outra campanha distribui um abaixo-assinado pedindo a libertação de Assange e uma compensação pelo tempo que ele está passando foragido sem ter sido indiciado formalmente em nenhum desses dois países. As campanhas também estão em todas as mídias sociais e tentam usar o apelo que essas redes geram para pressionar as autoridades a favor de Assange.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.