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Evasão fiscal/SwissLeaks

SwissLeaks revela fraude fiscal massiva do HSBC de Genebra

O lado obscuro do sistema bancário suíço veio à tona através de uma extensa reportagem feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) e publicado em jornais de vários países neste fim de semana. O escândalo, batizado de "SwissLeaks", expôs os métodos usados pelo braço suíço do banco britânico HSBC a ajudar seus clientes a ocultar cerca de US$ 180 bilhões, desviados para paraísos fiscais, formar caixa 2 e até financiar o terrorismo em países africanos.

Bilhões de euros teriam sido dissimulados em contas de cerca de 100 mil clientes do HSBC na Suíça.
Bilhões de euros teriam sido dissimulados em contas de cerca de 100 mil clientes do HSBC na Suíça. REUTERS/Arnd Wiegmann
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O jornal francês Le Monde foi o primeiro a publicar, na França, a primeira fase da investigação internacional SwissLeaks. Ela revela os detalhes de um vasto sistema de evasão fiscal organizado pelo HSBC Private Bank, filial suíça do banco britânico em Genebra. Bilhões teriam sido dissimulados nessas contas, envolvendo personalidades francesas e estrangeiras.

A reportagem surgiu de documentos obtidos pelo francês Le Monde de um ex-analista do HSBC em Genebra, Hervé Falciani. Cerca de 60 jornais de todo o mundo trabalharam durante seis meses para vasculhar as informações e revelar o que fosse importante.

Miliionários, celebridades e criminosos

Na lista dos beneficiados pelo sigilo secreto suíço estão milionários e até criminosos condenados pela justiça por tráfico, além de estrelas de Hollywood, políticos, empresários e familiares de condenados por corrupção.

Entre os nomes publicados pelo jornal Le Monde, há personalidades do show bizz, como os atores norte-americanos John Malkovich e Christian Slater, o ator francês Gad Elmaleh e o cantor britânico Phil Collins. Do mundo da moda, figuram a modelo Elle MacPherson e a estilista Diane von Fürstenberg.

Da França, o principal envolvido é Jacques Dessange, proprietário de uma grande rede de salões de beleza. Segundo Le Monde, entre 2006 e 2007, a conta de Dessange na Suíça teria registrado o montante de € 1,6 milhão. Da África e do Oriente Médio, o relatório cita o rei Mohamed VI e o rei Abdullah II da Jordânia.

No total, contas de mais de 100 mil clientes foram analisadas em um período de 2005 a 2007. O vazamento incluiria entre cinco e oito mil contas de brasileiros que teriam depositado US$ 7 bilhões no HSBC na Suíça. Entre os clientes franceses, três mil contas foram analisadas. De origem africana, seriam entre duas mil a três mil contas.

Tráfico de armas e drogas

"O fato de ter uma conta na Suíça não é ilegal em si", lembra o jornalista do Le Monde, Serge Michel, reiterando que a lei da maioria dos países prevê que os montantes depositados em contas suíças sejam declarados. "Na maioria das contas analisadas, o dinheiro não era declarado. Muitas delas serviam para financiar atividades criminosas, como tráfico de armas e drogas" , ressalta. "Encontramos também todas as pessoas que forneceram armamentos às guerras civis na Libéria, na Serra Leoa e em outros países da África", revela.

O jornalista declara que a indústria do diamante aparece como a principal envolvida nos arquivos obtidos pelo Le Monde. "O HSBC de Genebra tinha um departamento especializado na indústria do diamante e encontramos um grande número de autoridades africanas do setor", revela.

Resposta

O HSBC, banco presente em mais de 84 países, divulgou uma resposta padrão para vários países: reconhece "erros do passado" e afirma ter adotados nos últimos anos várias iniciativas para impedir a utilização de seus serviços para lavagem de dinheiro e evasão fiscal.

A Associação Suíça dos Bancos (ASB) divulgou um comunicado na manhã desta segunda-feira (9), declarando que as instituições financeiras que não respeitam as leis devem assumir as consequências. "Os bancos devem sempre respeitar as leis em vigor, tanto nos países de origem quanto nos países onde operam", ressalta a ASB, reiterando que "os bancos não são responsáveis pela conformidade fiscal de seus clientes".

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