Otan se reúne e deve reforçar apoio a plano de paz ucraniano
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Semana decisiva para a Ucrânia. Os esforços diplomáticos continuam para salvar o plano de paz do presidente ucraniano, Petro Porochenko. Nesta terça-feira (24) é a vez de a Otan se reunir para discutir a situação na Ucrânia, após a aliança militar ter denunciado a presença de novas tropas russas na fronteira ucraniana.
O plano de paz proposto por Porochenko foi aprovado ontem pelos ministros das Relações Exteriores da União Europeia, que pressionaram a Rússia por mais cooperação. Se Moscou não optar pela diplomacia em sua relação com o novo governo da Ucrânia, a União Europeia poderá impor uma terceira fase de sanções contra a Rússia. As sanções deverão ser aprovadas durante o Conselho Europeu desta semana, em Bruxelas.
Os chefes separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, concordaram em respeitar o cessar-fogo até a próxima sexta-feira, dia 27, em resposta à pausa temporária das hostilidades declarada unilateralmente por Kiev. Essas duas regiões separatistas declararam independência à revelia do governo ucraniano.
A situação na Ucrânia será o tema central na reunião dos ministros das Relações Exteriores da Otan. As vésperas do encontro, a Otan reiterou seu apelo à Rússia para que retire a presença desestabilizadora de seus militares da fronteira com a Ucrânia e pediu apoio ao plano de paz de Porochenko.
A reunião, de dois dias, começa hoje à noite e vai contar com a presença do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Petro Klimkin. Ele pretende convencer seus colegas de que o apoio ao plano de paz do presidente Porochenko é a condição crucial para o sucesso da proposta.
Na semana passada, o secretário-geral da aliança militar, Anders Fogh Rassmussen, denunciou a presença de novas tropas russas na fronteira ucraniana. Segundo Rassmussen, “a Rússia parece estar inclinada a usar o seu poder militar para intimidar ainda mais a Ucrânia”. “A opção de intervir da Rússia será respondida com firmeza pela comunidade internacional e vai implicar em sanções mais profundas”, declarou.
Desde que a crise na Ucrânia se agravou, a Otan enviou 600 soldados para a Polônia e os países bálticos, além de mobilizar navios de guerra para o mar Báltico e para o leste do mar Mediterrâneo.
Plano de paz
Até o momento, poucos detalhes do plano de paz de Porochenko foram divulgados. Ele afirmou apenas que contém 14 tópicos, entre os quais está a criação de uma zona-tampão de 10 quilômetros ao longo da fronteira entre a Ucrânia e a Rússia. Kiev sustenta que combatentes e suprimentos de armas, além de outros equipamentos militares russos, vêm entrando no país para apoiar os separatistas. Por isso, quer reforçar o controle dos quase 2.000 quilômetros de fronteira.
O plano de paz prevê a abertura de corredores para que os mercenários russos possam deixar o país após entregarem as armas. Além da deposição dos armamentos por parte dos rebeldes, o documento também prevê uma anistia para quem não cometeu crimes graves, como homicídio, e reitera a necessidade de os separatistas libertarem todos os reféns que mantêm.
A desocupação de sedes de organismos estatais, a proteção do idioma russo por meio de emendas constitucionais e eleições locais estão também descritas na proposta. Apesar do apoio restrito do Kremlin ao documento, os separatistas consideram a iniciativa de Porochenko uma farsa.
Apoio alemão
No último final de semana, Porochenko ligou para a chanceler alemã, Angela Merkel, em busca de apoio. Para ele, a ajuda de Merkel é crucial. O presidente ucraniano ressaltou que a intervenção pessoal da chanceler, assim como a de outros líderes mundiais, será fundamental para solucionar o conflito no leste da Ucrânia.
Merkel apoiou o plano de paz de Porochenko e se comprometeu a dialogar com as partes envolvidas. No último domingo, ela conversou com o presidente russo, Vladimir Putin, a quem pediu o fim das hostilidades. Merkel acredita que grande parte da solução da crise ucraniana passa por Moscou.
Apesar das relações comerciais que mantém com a Rússia, a Alemanha estaria pronta a aprovar novas sanções se Putin não retirar suas tropas da fronteira com a Ucrânia, não interromper o fluxo de armas e rebeldes e deixar de usar sua influência entre os separatistas para que renunciem à violência.
Nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, se reúne em Kiev com o presidente ucraniano.
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