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Planeta Verde

Roupas prometem proteção contra ondas emitidas por celulares

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Os estudos sobre os danos à saúde provocados pelas ondas de telefones celulares ainda não são conclusivos, mas muitos franceses preferem não esperar. Roupas que prometem isolar o corpo das transmissões eletromagnéticas já são encontradas no mercado, e gestos simples do dia a dia a permitem limitar os riscos da exposição.

Site da marca mostra lenço protegendo a cabeça. Tecido é feito com metal que isola as ondas dos celulares.
Site da marca mostra lenço protegendo a cabeça. Tecido é feito com metal que isola as ondas dos celulares. http://epeconseil.fr
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Para os mais desconfiados, o setor ainda oferece protetores para a cama, tintas especiais para casa ou bolsas para o celular que reduzem as emissões, sem comprometer a qualidade das ligações. No vestuário, são calças, camisetas, echarpes ou cintas para grávidas, fabricadas com filamentos metálicos que protegem contra as ondas e funcionam como um escudo. Os maiores interessados são famílias com crianças, conforme Vincent Joly, fundador da marca de roupas e equipamentos de proteção EPE.

“Trata-se de uma técnica de costura bastante simples: a cada fibra de algodão, nós acrescentamos um filamento invisível a olho nu, o que faz com que a parte metálica seja insensível ao toque. Portanto quando você toca ou usa estas roupas, você não sente que está diante de um tecido que contém entre 1 a 3% de metal”, explica.

Joly, um ecologista desde a infância, acredita que o mercado para estes produtos tende a se ampliar na medida em que os países reconhecerem os efeitos danosos dos celulares, o que ainda não é o caso da França. “A regulamentação francesa não protege suficientemente os consumidores destes riscos. Há alguns anos eu pensava que haveria uma mudança mais rápida nas normas, mas isso está devagar porque a França é um país cheio de lobbies no setor de telecomunicações. Os interesses econômicos fazem com que isso leve mais tempo.”

A aposentada Anne Marie B. passou a usar uma roupa completa de proteção e já sente os resultados. A hipersensibilidade às ondas eletromagnéticas fez com que ela tivesse de se mudar para um vilarejo afastado de Lille, onde os impactos no seu corpo são menores. “Às vezes sinto a alta freqüência dos celulares através de formigamentos muito leves que me atravessam o corpo, e parei de sentir isso quando uso as roupas. O problema foi detectado em 2010, depois de uma série de exames”, relata. “O médico concluiu o que eu já sabia: eu tenho hipersensibilidade às radiações eletromagnéticas, de baixa e alta frequência.”

Um relatório divulgado pela Agência Nacional de Segurança Sanitária da Alimentação nesta semana recomenda que os franceses reduzam a utilização de celulares, principalmente pelas crianças. O estudo, porém, reafirma que, por enquanto, não há confirmação de que esta exposição seja prejudicial à saúde.

O texto foi considerado uma decepção pelas organizações que defendem redução das emissões eletromagnéticas, já que países como a Alemanha e a Suécia ampliaram a regulamentação sobre o tema desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a hipersensibilidade às ondas como uma doença.

Janine Le Calvez, presidente da organização Por uma Regulamentação das Antenas de Telefones Celulares, destaca que a implantação da rede 4G na França aumentou em 50% a quantidade de ondas eletromagnéticas no país. Apesar deste último relatório oficial, ela promete manter a mobilização para endurecer as regras sobre o tema. “Vamos continuar lutando para que os valores de exposição sejam rebaixados para números muito menores do que os recomendados hoje. E vamos lutar para que as informações sobre o assunto sejam mais claras”, afirma. “Por exemplo, ninguém informa as pessoas que os telefones fixos sem fio emitem praticamente a mesma quantidade de ondas que os celulares, que é possível escolher um roteador de wifi com um botão para desliga-lo quando você não precisa da internet. Também não se diz, com toda a clareza, que os pais devem evitar dar celulares para as crianças”, diz.

Le Calvez reconhece a eficiência de roupas e produtos para limitar os efeitos das ondas, mas para ela a solução “não é usar uma burca protetora, mas sim obrigar as operadoras a limitares as emissões”.
 

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