Acessar o conteúdo principal

Divergências entre Paris e Berlim agravam crise europeia

As eleições legislativas deste domingo na Grécia e na França dominam as manchetes nos jornais de hoje. Das urnas na Grécia sairá o futuro da zona do euro, com ou sem Atenas. A situação em si já é dramática, mas para piorar França e Alemanha divergem sobre as soluções para superar a crise.

Capa dos principais jornais franceses
Capa dos principais jornais franceses A. de Freitas
Publicidade

O progressista Libération relata o essencial. Depois do ataque de Angela Merkel na sexta-feira, em que ela chamou de medíocres as propostas do presidente francês, François Hollande, para superar a crise das dívidas na zona do euro, a habilidade diplomática do chefe de Estado socialista foi posta à prova, avalia o Libération. Merkel deu uma dura lição em Hollande, estima o Le Figaro.

Em editorial, o Le Monde coloca as bases de um possível compromisso para superar as divergências entre Paris e Berlim: se para salvar o euro, a Alemanha aceitar mutualizar as dívidas e deixar o Banco Central Europeu agir como bombeiro para estabilizar os mercados, Paris tem a obrigação de ceder na direção do federalismo europeu e deixar de lado o anseio de soberania.

A fragilidade econômica da França preocupa a Alemanha, sublinha o Le Monde. O jornal vê o governo Hollande contra a parede, sem margem de manobra. Por mais que o presidente socialista tenha martelado durante sua campanha que o ajuste nas contas públicas francesas seria feito de forma justa, aumentando os impostos dos mais ricos, o esforço terá de ser bem maior. A desaceleração da atividade econômica na zona do euro deprime a demanda interna e diminui a arrecadação, o desemprego vai continuar crescendo e, queiram ou não, os socialistas terão de cortar despesas estatais, prevê o Le Monde.

Hollande aguarda os resultados de uma auditoria do Tribunal de Contas para anunciar os números de seu programa de ajuste fiscal, mas num sinal não muito alentador o relatório, previsto para a semana de 24 de junho, foi adiado em uma semana e só será conhecido no início de julho, lamenta a imprensa.

Em sua manchete, o diário conservador Le Figaro adverte que os socialistas estão a um passo de ter plenos poderes no país. Como a esquerda já tem maioria no Senado, conquistar a maioria na Assembleia significará caminho livre para a aplicação do programa socialista e isso sem obstáculo da oposição.

Essa perspectiva anima os jornalistas do Libération. Salvo enorme surpresa, François Hollande vai dispor de maioria parlamentar para governar. Pela primeira vez, a esquerda terá, sim, plenos poderes na França, "à frente da Assembleia, do Senado, das regiões administrativas e das principais prefeituras do país". Em princípio, segundo o Libération, Hollande teria condições de fazer uma ampla reforma fiscal, aumentar o poder de compra das famílias mais modestas, recolocar a educação e os serviços públicos no centro das prioridades. O problema é que para realizar tudo isso ele já enfrenta uma resistência poderosa: a inflexibilidade de Angela Merkel quanto às reformas macroeconômicas na zona do euro.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.