Acordo entre Irã e ocidentais é iminente, declara diretor da AIEA

Na véspera da reunião, em Bagdá, entre o Irã e o grupo dos Seis (os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha), o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) declarou que a assinatura de um acordo sobre o programa nuclear está próxima. As potências vão tentar convencer o Irã a suspender seu enriquecimento de urânio a 20% e a aceitar vistorias aprofundadas em suas instalações nucleares.  

Yukiya Amano, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), durante coletiva desta terça-feira no aeroporto de Viena. REUTERS/Leonhard Foeger

"Uma decisão foi tomada sobre a conclusão e a assinatura de um acordo. Posso dizer que ele será assinado brevemente", declarou Yukiya Amano, diretor da Agência, ao desembarcar no aeroporto de Viena proveniente de Teerã, onde encontrou altos responsáveis na segunda-feira.

O diretor da AIEA classificou as discussões na capital iraniana como um passo importante no processo de negociação entre o Irã e o grupo dos Seis. No entanto, Amano não deixou de reconhecer que ainda existem certas divergências que, segundo o chefe dos negociadores iranianos, Saeed Jalili, não devem ser um obstáculo para um acordo. O negociador estará em Bagdá na quarta-feira para participar da reunião.

Yukiya Amano afirmou também que o problema do acesso à base militar de Parchin será resolvido no contexto da aplicação de um acordo. Os países ocidentais suspeitam que são realizadas pesquisas para a construção de uma bomba atômica neste local.

Reações

Israel, inimigo número um do Irã, demonstra ceticismo quanto a um acordo. Na segunda-feira, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahou acusou o Irã de querer destruir seu país e ameaçar a paz mundial, pedindo aos negociadores que não façam nenhuma concessão.

Alguns diplomatas europeus, sob anonimato, afirmaram estar decepcionados com o fato do diretor da AIEA não ter conseguido trazer o documento assinado.

O que está em jogo

As discussões acontecerão em Bagdá, na quarta-feira, entre o Irã e o grupo dos Seis, formado por Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha, mais a Alemanha. As potências vão tentar convencer o Irã a suspender seu enriquecimento de urânio a 20% e a aceitar vistorias aprofundadas de peritos da AIEA em suas instalações, tendo em vista o protocolo adicional do Tratado de não-proliferação nuclear.

A Agência internacional também espera que Teerã responda ao relatório publicado em novembro, em que uma série de elementos indicam que o país trabalhou na construção de uma arma atômica até 2003, no mínimo.

Do lado do Irã, pode haver uma decepção se o país estiver esperando que os ocidentais suavizem as sanções impostas depois da sua recusa em cooperar e revelar detalhes de suas atividades nucleares que, segundo o país, têm objetivos exclusivamente civis.

Tempestade de areia

O encontro das potências e do Irã está em suspenso, devido à tempestade de areia que atingiu a capital iraquiana e causou o fechamento do aeroporto de Bagdá, por tempo indeterminado. Diversas delegações estrangeiras ainda não chegaram à cidade.