Acessar o conteúdo principal
Terrorismo/Toulouse

Operação em Toulouse gera críticas a serviços de inteligência

Mídia e sociedade francesas se perguntam se monitoramento de Mohamed Merah - que já era conhecido da polícia - não poderia ter evitado o atentado.

Policiais da tropa de elite francesa, o Raid, bombeiros e a polícia judiciária trabalham juntos durante o cerco ao assassino de Toulouse, nesta quinta-feira.
Policiais da tropa de elite francesa, o Raid, bombeiros e a polícia judiciária trabalham juntos durante o cerco ao assassino de Toulouse, nesta quinta-feira. REUTERS/Jean-Philippe Arles
Publicidade

Um homem, monitorado pela polícia por possível envolvimento com grupos terroristas, mata três militares. Dias depois, ele volta à ação e assassina mais quatro pessoas - entre elas, três crianças. O caso de Mohamed Merah, que foi morto hoje pela polícia, fez com que surgissem dúvidas quanto à eficiência dos serviços de inteligência na França. Afinal, Merah era conhecido: já havia sido preso por pequenos delitos e era suspeito de ligações com grupos terroristas - ele próprio afirmou à polícia, durante as negociações de sua rendição, que teria recebido treinamento da Al Qaeda no Afeganistão e no Paquistão.

Nos últimos dois dias, o governo francês garantiu diversas vezes vigiar de perto os "quinze ou vinte" - de acordo com números oficiais - militantes radicais islâmicos de nacionalidade francesa. Ainda de acordo com o governo, este número está em constante declínio, graças à morte de Osama bin Laden e a gradual desestruturação da Al Qaeda. O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, afirmou que essas pessoas são controladas e que Merah havia sido interrogado pelos serviços de inteligência, no final de 2011. Mas se este homem era fichado desde o ano passado, como ele conseguiu fazer três atentados em dias diferentes, sem ser preso?

Um representante dos serviços de segurança ouvido pelo jornal Le Monde responde a pergunta dizendo que o caso de Merah é um "exercício dificílimo", que é um homem que se autoradicaliza, que nutre sozinho seu projeto destrutivo. E que a polícia não teria como explorar seu inconsciente para saber quando ele partiria para as vias de fato. Inclusive, suas viagens ao Afeganistão e ao Paquistão teriam sido feitas com recursos próprios e sem a ajuda de grupos extremistas, como costuma acontecer no recrutamento de terroristas potenciais. Interrogado, em novembro de 2011, ele declarou que teria viajado a turismo.

Mas, mesmo que Merah fosse um cruzadista solitário - e há suspeita de que não seja -, a questão recai sobre a capacidade dos serviços de inteligência em localizar e neutralizar um homem entre dois atentados. Será que as mortes das crianças não poderiam ter sido evitadas? Talvez. O governo francês promete apurar eventuais falhas no monitoramento de Merah.

Em meio à guerra da instrumentalização, em que todos os candidatos às iminentes eleições presidenciais francesas se acusam mutuamente de utilizar politicamente o caso de Toulouse, já começam a surgir críticas à operação. François Hollande, do Partido Socialista, disse apenas que a luta contra o terrorismo é um combate de todos os dias - uma possível alusão ao monitoramento que não deu conta de evitar o segundo atentado. A candidata ecologista Eva Joly foi mais dura e acusou o ministro Claude Guéant de violar o código penal francês, ao acompanhar e comentar passo a passo a ação militar. Em entrevista à Radio Orient, ela o acusou de "ter criado confusão". Mas nenhum dos dois criticou diretamente os serviços de inteligência.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.