Triplo A da França revela contradições das agências de notação

Depois de repercutir o rebaixamento da nota da França pela Standard and Poors, a imprensa francesa dá destaque em suas manchetes desta terça-feira à decisão de outra agência de classificação de riscos, a Moody's, de prolongar por mais três meses o triplo A, a nota máxima atribuída ao país. Em seu título de capa, o jornal Le Figaro fez questão de mencionar o desacordo dessas agências em avaliar a verdadeira situação econômica francesa.

REUTERS/Mike Segar

O jornal denuncia as contradições dessas agências ao lembrar também que semana passada, outra conhecida agência, a Fitch's, anunciou que não iria rebaixar o triplo A da França durante todo o ano. O Le Figaro defende a postura da Moody's que se baseia apenas em análises econômicas e orçamentárias enquanto as outras duas agências de classificação de risco levam em conta também a situação política.

Apesar da Moody's ter mantido o triplo A francês, o rebaixamento da Standard and Poor's fez as agências de classificação de risco entrarem na campanha presidencial, afirma o La Croix. Analistas políticos ouvidos pelo jornal católico concordam que o tema será o pano de fundo da campanha e o presidente Nicolas Sarkozy sai enfraquecido pelo anúncio em um momento em que deverá adotar medidas impopulares e com um balanço de governo considerado negativo.

Libération destaca em sua manchete principal um conjunto de 80 propostas para reformar a França, discutidas por especialistas e reunidas em um livro organizado por um famoso historiador do país, Patrick Weil. A campanha eleitoral francesa não poderá se limitar a uma escolha entre o rigor defendido pela esquerda e a austeridade da direita, escreve o Libé afirmando em sua manchete "o triplo A não é tudo na vida".

O Le Parisien afirma que a degradação da nota da França é uma sanção à política do governo Sarkozy mas obriga os outros candidatos ao cargo de presidente, especialmente o socialista François Hollande, favorito nas sondagens, a rever suas prioridades.