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França

Com menos ajuda pública, natalidade cai pelo terceiro ano na França

Conhecida por ter uma das taxas de natalidade mais altas da Europa, a França vem perdendo sua liderança nos últimos anos. Mesmo se a população do país continua crescendo e atingiu 67,2 milhões de habitantes no dia 1° de janeiro de 2018, o ritmo de nascimentos diminuiu. O contexto econômico e as políticas públicas são apontados como razões possíveis dessa mudança.

Número de nascimentos registra nova queda na França.
Número de nascimentos registra nova queda na França. Flickr.com CC BY 2.0 / Seth Baur
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Segundo o Instituto de estatísticas e de estudos econômicos da França (Insee na sigla em francês), a população do país registrou uma alta de 0,3% em 2017. Porém, essa progressão foi menos expressiva que a constatada nos anos anteriores (+0,5% entre 2008 e 2013 e +0,4% entre 2014 e 2016).

De acordo com o balanço anual do instituto, 767 mil bebês vieram ao mundo em 2017 na França, ou seja, 17 mil a menos que em 2016. Esse número de nascimentos representa uma queda pelo terceiro ano consecutivo.

Enquanto isso, as mortes aumentaram no país, fruto principalmente do envelhecimento das gerações conhecidas como baby-boom (nascidas entre1946 e 1964). Em 2017, 603 mil pessoas morreram, 9 mil a mais que no ano anterior.

Mesmo assim, a França continua sendo o segundo país mais populoso da União Europeia, atrás da Alemanha e na frente do Reino Unido, da Itália e da Espanha.

Mas o número que mais chama a atenção é a baixa natalidade. Segundo o Insee, cada mulher na França teve uma média de 1,88 filhos em 2017, contra 1,92 em 2016 e 2 em 2014.As estatísticas também revelam que as mulheres entre 25 e 34 anos são as que têm menos filhos, comparado aos anos anteriores.

Franceses têm filhos mais tarde

Os analistas apontam várias hipóteses para explicar esse declínio. Uma delas é o aumento da duração dos estudos e a entrada no mercado de trabalho cada vez mais tardia em razão do mercado de trabalho engessado, o que retardaria a decisão de ter filhos. Além disso, os franceses se casam cada vez mais tarde, o que também teria um impacto nesses números. Em média, as mulheres na França têm o primeiro filhos aos 30 anos.

Outro ponto levantado é a influência dos cortes recentes nos dispositivos de ajuda pública às famílias com filhos. Durante o mandato de François Hollande, os benefícios foram cortados pela metade para a maioria da população e divididos por quatro para as famílias mais abastadas. A tendência de cortes continuou desde o início do mandato de Emmanuel Macron. O presidente reduziu, por exemplo, o teto de renda que dá direito a uma ajuda de custo aos pais que acabam de ter filhos.  

A questão das soluções existentes para as mães que trabalham é outro fator cogitado pelos especialistas. Mesmo se desde 2012 os governos sucessivos prometeram criar 275 mil vagas em creches, menos de 50 mil foram realmente disponibilizadas. Essa dificuldade para as mães e pais em conciliar vida familiar e profissional é apontada com frequência quando se fala em queda de natalidade.

Mesma tendência nos países europeus

Mesmo assim, a França ainda lidera o ranking de natalidade comparada aos vizinhos europeus. Se as francesas têm, em média, 1.88 filhos, na vizinha Alemanha a média é de 1,5 bebês. Já no Reino Unido, a média foi de 1,8 filhos em 2016.

A Irlanda, país de maioria católica praticante e famoso por ostentar as taxas de fecundidade mais elevadas da Europa, com uma média de 1,9 filhos por família, também vem registrando quedas nos últimos anos. A tendência de baixa de natalidade também é registrada na Itália e na Espanha. Já na Hungria, o número de mortes é maior que o número de nascimentos há 35 anos.

Analistas apontam que esses números europeus são ligados às crises econômicas recentes, mas principalmente, como na França, às políticas de apoio ao crescimento demográfico.

Um bom exemplo é o do Reino Unido, onde os governos conservadores desencorajam o nascimento de um terceiro filho desde 2010. Esse contexto se intensificou em 2017, quando as ajudas fiscais e financeiras concedidas às famílias mais modestas que têm três filhos foram suprimidas.

Em contrapartida, na Alemanha a alta da natalidade se deve principalmente à uma política familiar favorável, implementada durante o primeiro mandato da chanceler Angela Merkel. Além de aumentar o número de vagas nas creches, a chefe do governo chegou a introduzir no país o “salário parental”, uma remuneração para o genitor que decide ficar em casa cuidando de seus filhos. 

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