Ex-exilados brasileiros criticam cobertura da crise pela imprensa francesa
Um grupo de brasileiros, ex-exilados políticos ou ex-refugiados na França e na Bélgica durante a ditadura militar no Brasil, enviou uma carta aos veículos de comunicação franceses criticando a maneira como a imprensa local tem acompanhado a crise no país. Para eles, os jornais têm relatado apenas o ponto de vista de órgãos da mídia brasileira contrários ao governo.
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Se apresentando como “vivendo há mais de quarenta anos na França e na Bélgica”, o grupo se diz “muito preocupado diante da situação política do Brasil, que é alvo de uma tentativa de golpe e Estado político-jurídico-midiático”. Mas para os ex-exilados, o mais inquietante é a forma como a imprensa francesa vem abordando a situação política do país.
A carta, assinada por Hamilton Lopes dos Santos, Dirceu Greco Monteiro, Roberto Metzger, Marilza de Mello Fouché, Sueli Heliopolis, Marlova Canabarro e Maria José Malheiros, afirma que praticamente todos os artigos sobre o tema vistos recentemente nos jornais franceses “retomam, em coro, a ‘grande’ imprensa brasileira”, contrária à Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo os autores da carta, “as matérias não tentam nos informar, e sim construir a história de um putsch que visa derrubar um governo legitimamente eleito”. De acordo com o grupo, “Lula é sistematicamente apresentado como ‘enrolado no enorme escândalo da Petrobras’, e Dilma apontada como ‘isolada’ e ‘fragilizada’”. No entanto, “pouco é dito sobre o trajetória dos líderes do putsch, principalmente do presidente da Câmara dos deputados, Eduardo Cunha, acusado de corrupção, alvo de um processo de destituição de mandato e citado no escândalo do Panama Papers”, lembram.
Para os ex-exilados e ex-refugiados que assinam a carta, a imprensa francesa também ignorou o engajamento de personalidades como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil “pela defesa da continuidade democrática” e minimizou a “imensa mobilização da sociedade civil” em favor dos petistas.
O grupo termina pedindo que os jornais e revistas franceses “sejam mais objetivos, estudem de perto a complexidade do Brasil na hora de tratar a informação e cessem de militar por um único lado”. “Não queremos viver um terceiro golpe de Estado. Nós sabemos bem o que isso quer dizer, principalmente para a liberdade de informar”, concluem.
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