Acessar o conteúdo principal

Macron cita divisa positivista brasileira em discurso de direita que desagrada à imprensa francesa

A entrevista coletiva de mais de duas horas concedida na noite de terça-feira (16) pelo presidente Emmanuel Macron, precedida de um discurso de quase 30 minutos no Palácio do Eliseu, foi amplamente criticada pela imprensa francesa. Segundo o jornal Le Monde, para recuperar a influência política, o presidente apelou para a nostalgia de uma França do passado. Macron chegou ao ponto de emprestar o slogan "para que a França permaneça a França", usado por partidos de extrema direita e direita. 

O presidente Emmanuel Macron durante a entrevista coletiva no Palácio do Eliseu.
O presidente Emmanuel Macron durante a entrevista coletiva no Palácio do Eliseu. AFP - LUDOVIC MARIN
Publicidade

O Le Monde destaca que Macron homenageou a divisa positivista brasileira, ao dizer que “a autoridade caminha com a emancipação” e “a ordem com o progresso”. 

Em sua manchete, o progressista Libération destaca uma fala marcada pela nostalgia da "velha França" –"um discurso voltado à ordem e à moral". O presidente anunciou várias medidas educativas, como regular o uso de telas para crianças e jovens, a duplicação das horas de aula de educação cívica a partir do 5º ano nas escolas, o retorno dos uniformes, ainda em fase de testes e incentivos ao aumento da natalidade - uma série de medidas consideradas de outros tempos. 

Em outros momentos, de acordo com o Libération, Macron quis reafirmar que continuava audacioso e capaz de quebrar tabus, mas foram apenas "belas palavras para esconder a impotência política" de um chefe de Estado que não consegue aprovar reformas por falta de maioria no Parlamento.

Nada a perder

O diário econômico Les Echos escreveu que "Emmanuel Macron não tem mais nada a perder” e “pode tentar qualquer coisa”. As reformas que ele propôs têm conteúdo “suficiente para abalar e ancorar o macronismo à direita", destaca o jornal liberal. Entre a “unidade da nação” e a ruptura com o estilo de 2017, Macron preferiu a segunda opção, sublinha Les Echos.

Na avaliação do conservador Le Figaro, "o presidente esteve mais perto do que nunca de satisfazer as expectativas de nossos compatriotas. Só podemos nos alegrar”, afirma o editorial de primeira página.

Para o jornal comunista L'Humanité, "Macron abordou vários assuntos sem dizer nada de importante". 

O Le Parisien considera que Macron esteve na ofensiva e “finalmente revelou o programa para o seu segundo mandato”, depois de ter evitado a campanha para as eleições presidenciais de 2022. O jornal lamenta, no entanto, que os franceses não puderam se manifestar sobre esse programa nas urnas. 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.