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Gael García Bernal recebe prêmio inédito no festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz

Ele é um astro do cinema mundial e em sua carreira já ajudou a mostrar muitas faces da América Latina. Com participação em dezenas de produções, o ator mexicano Gael García Bernal, de 44 anos, é um dos convidados de honra do Festival de Cinema de Biarritz. Nesta terça-feira (26), ele falou ao público presente no charmoso balneário, na costa oeste da França, que há 32 anos põe em evidência o cinema latino-americano.  

O ator mexicano Gael García Bernal, 44, é um dos convidados de honra do Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz. Nesta terça-feira (26), ele falou ao público sobre sua carreira, neste evento que põe em evidência o cinema da América Latina. Em Biarritz, em 26 de setembro de 2023.
O ator mexicano Gael García Bernal, 44, é um dos convidados de honra do Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz. Nesta terça-feira (26), ele falou ao público sobre sua carreira, neste evento que põe em evidência o cinema da América Latina. Em Biarritz, em 26 de setembro de 2023. © Maria Paula Carvalho/ RFI
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Maria Paula Carvalho, enviada especial da RFI a Biarritz

Desde os anos 2000, o produtor e diretor mexicano Gael García Bernal pode ser visto em dezenas de produções internacionais, sendo mundialmente conhecido por seus papéis em filmes como "O Crime do Padre Amaro" (2002), de Carlos Carrera, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro; "Má educação" (2004), de Pedro Almodóvar, ou "Babel" (2006) de Alejandro González Iñárritu, em que contracena com astros como Brad Pitt e Cate Blanchet.  

No Brasil, um de seus filmes de maior sucesso é o road movie "Diários de Motocicleta", (2000), dirigido pelo carioca Walter Salles, baseado em um livro de memórias que narra a expedição de Che Guevara pela América do Sul, em 1952. “Este é um filme lindo, que fizemos no Brasil e que teve uma repercussão muito grande por causa do ‘Waltinho’ e pela história do Che Guevara” relembra Gael García Bernal, em entrevista à RFI, diante do emblemático Hotel du Palais, um dos mais imponentes de Biarritz, onde o ator recebeu a imprensa, esta manhã.

“Esta é uma dívida que talvez tenhamos pendente, que os filmes latino-americanos pudessem transitar mais em todos os países como merecem, mas não é assim que acontece”, lamentou o ator.  

Gael García Bernal é um dos convidados de honra do festival de Biarritz. Ele recebeu o prêmio Abraço, uma novidade desta edição do festival de Cinema Latino-Americano
Gael García Bernal é um dos convidados de honra do festival de Biarritz. Ele recebeu o prêmio Abraço, uma novidade desta edição do festival de Cinema Latino-Americano © Maria Paula Carvalho/ RFI

Além dos filmes em competição, este ano o festival de Biarritz propõe aos participantes mergulhar na história do Chile, país que em 2023 relembrou os 50 anos do golpe militar que levou Augusto Pinochet a ocupar o poder durante 17 anos. Gael García Bernal faz parte do elenco de "No", filme do cineasta chileno Pablo Larraín, outro destaque desta edição.  

O enredo do longa se passa no Chile de 1988, quando o governo ditatorial convoca um plebiscito para perguntar se a população apoia os militares. Um publicitário fica responsável pela campanha do Não, com ideias ousadas para convencer o povo a acabar com o regime militar.  

Perguntado sobre a política latino-americana, Gael García Bernal diz que “o cinema não é de direita e nem de esquerda”. “Fazer cinema não é fácil e exige um esforço coletivo para acompanhar os acontecimentos. Mas o bom do cinema é que ele não cai em nenhum binômio de esquerda ou de direita, é uma poesia, não é preto ou branco, tem as dimensões poliédricas e arborescentes da personalidade humana”, define.

Porta-voz da América Latina na Europa

Ao ser questionado se ele se sente como um representante latino na Europa, Bernal responde com modéstia: “Não, seria uma responsabilidade muito grande. Fiz alguns personagens e me sinto agradecido e privilegiado por ter tido esta oportunidade de ter trabalhado na Itália, na Espanha, em Portugal, na Inglaterra. Mas não vejo isso como se fosse um representante da América Latina”, afirma. 

Já para o curador do festival, no entanto, Gael García Bernal é o porta-voz perfeito para um evento que destaca a cultura latino-americana. “Nós criamos este prêmio ‘Abraço de Honra’ para dar ainda mais brilho à nossa missão de defender a cultura da América Latina”, explica Jean-Christophe Berjon àRFI.

“E queríamos ter um grande embaixador dessa cultura latino-americana, que é mais do que um ator, um mexicano, pois Gael García Bernal é tudo isso e muito mais. Ele é um porta-voz inteligente, generoso, com uma carreira excepcional, sendo muito jovem, e que vai fazer ainda muitas coisas, pois não queríamos um prêmio de coroação de vida, mas para mostrar a efervescência dessa região” completa.   

Jean-Christophe Berjon é curador dos Festival Biarritz América Latina
Jean-Christophe Berjon é curador dos Festival Biarritz América Latina © Maria Paula Carvalho/ RFI

O astro mexicano recebeu o carinho do público em Biarritz. Fãs como a professora de espanhol Céline Blanc: “Nós gostamos muito dele, estudamos seus filmes com nossos alunos. Nos permite ter uma visão muito interessante da América Latina”, diz.  

Gael García Bernal falou sobre o seu processo criativo e sobre as escolhas que fez profissionalmente. “Para mim, o papel mais interessante será sempre sobre alguém ou algo que eu não conheço, pois tenho essa inquietude e curiosidade”, diz.  

Ele agradeceu pelo prêmio e pelo carinho dos franceses. “Estou muito emocionado e grato. O nome do prêmio, 'Abraço', já significa algo carinhoso. Dizem que é dado a alguém que tem toda a carreira pela frente, não é como uma homenagem pela retrospectiva do trabalho”, diz.

“Este é um festival com muita tradição, que vem apoiando o cinema latino-americano há bastante tempo. Acho fantástico”, completa.  

Greve 

O ator também é reconhecido por seu trabalho na televisão. A série "Mozart in the Jungle", lhe valeu um Globo de Ouro na categoria de melhor ator de comédia ou musical, em 2016. Ao comentar sobre o seu trabalho nos Estados Unidos, Bernal defendeu o movimento de greve que paralisa a indústria cinematográfica há quase cinco meses.  

Milhares de roteiristas interromperam as atividades no início de maio para pedir aumento de salário e bônus pela criação de programas de sucesso, além de "proteção" aos riscos gerados pelo surgimento das ferramentas avançadas de Inteligência Artificial. “Estamos em greve, faço parte de um sindicato americano e este é um momento interessante, quando iremos renovar as condições de como se veem e se consomem os filmes e séries de televisão. Vivemos um marco, pois estamos falando de um problema mundial e esta greve poderá beneficiar a todos para um acordo justo e com mais transparência”, conclui.  

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