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Quatro filmes brasileiros integram 1° Festival de Cinema Latino-Americano de Paris

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Quatro filmes brasileiros integram a seleção do 1° Festival de Cinema Latino-Americano de Paris, que acontece até 16 de abril. João Dumans, diretor e roteirista, participa do evento com o longa “Arábia”, que ele codirigiu, e com o curta “Sete Anos em Maio”, que tem o roteiro assinado por ele. Na opinião do cineasta, a iniciativa é importante e bem-vinda para dar projeção e ajudar na distribuição dos filmes da região no circuito francês.

O diretor e roteirista brasileiro, João Dumans, participa do 1.º Festival de Cinema Latino-Americano de Paris.
O diretor e roteirista brasileiro, João Dumans, participa do 1.º Festival de Cinema Latino-Americano de Paris. © Adriana Brandão /RFI
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A relação cultural e intelectual de Paris com a América Latina é histórica, mas a capital não tinha, como outras cidades francesas, um festival dedicado exclusivamente ao cinema latino-americano. A partir deste ano, essa lacuna passa a ser coisa do passado. A associação interdisciplinar “Image et paroles” criou o Festival de Cinema Latino-Americano de Paris, Clap, que conta com a parceria da RFI.

A 1ª edição acontece neste momento, em seis salas, com a exibição de 16 filmes, sendo oito deles em competição.  A seleção contempla produções cinematográficas independentes de todos os países do subcontinente. Além de “Arábia” e “Sete Anos em Maio”, os brasileiros “É Noite na América, de Ana Vaz, em competição, e “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, também serão exibidos.

A iniciativa é importante e bem-vinda porque “é muito difícil o cinema latino-americano, o cinema brasileiro, chegar aos cinemas parisienses”, afirma João Dumans. Ele dá o exemplo do longa “Arábia”, que ele fez em codireção com Affonso Uchoa. O filme, uma epopeia operária, foi lançado em 2017 e venceu vários festivais nacionais e internacionais. “A gente conseguiu fazer estreias em alguns países do mundo. O ‘Arábia’ foi lançado nos Estados Unidos, por exemplo, mas a gente não conseguiu chegar ao circuito francês”,

Paris é uma das cidades que concentra um dos maiores números de salas de cinema do mundo, mas para um filme entrar no circuito precisa de um distribuidor francês que pede chancelas que nem todo mundo tem. “Esse distribuidor precisa estar disposto a lutar, batalhar para colocar os filmes nas telas. E em geral, isso acontece com filmes latino-americanos que foram exibidos em Cannes”, explica o diretor. Ele considera que a participação nesse festival “vai dar pelo menos uma chance” aos parisienses de ver “Arábia”, “Sete Anos em Maio” e outros filmes da Argentina, Chile ou Colômbia que não estrearam na cidade. “Quanto mais janelas a gente tiver para poder mostrar essa produção aqui, melhor”, frisa.

Realidade social brasileira

“Sete Anos em Maio”, com roteiro de João Dumans e direção de Affonso Uchoa, é de 2019. O curta denuncia a violência policial, que é um dos maiores problemas das periferias das grandes cidades brasileiras. João Dumans e Affonso Uchoa são mineiros e trabalham juntos há vário anos. Os filmes deles falam de um mesmo universo, de espaços marginalizados socialmente.

“Tanto o ‘Arábia’ quanto o ‘Sete anos’ são filmes que tratam da realidade social brasileira, dos processos violentos da história da sociedade brasileira, ligados ao mundo do trabalho ou às comunidades que estão situadas na periferia dos grandes centros urbanos”, detalha o diretor. Ele pensa que os dois filmes foram selecionados para este 1° Festival de Cinema Latino-Americano de Paris porque propõem “formas e linguagens diferentes daquelas com que talvez o público Internacional esteja habituado”.

Para João Dumans, natural de Ouro Preto, no interior de Minas Gerais, a mudança mais importante dos últimos 20 anos no cinema brasileiro é que as pessoas das periferias passaram a fazer filmes sobre suas realidades. “As pessoas que moram em comunidades, em bairros mais periféricos, deixaram de ser só assunto dos filmes e se tornaram também realizadores, protagonistas, desses filmes. Talvez seja o fenômeno mais importante no Brasil”, acredita o diretor que estreou seu novo filme “As Linhas da Minha Mão, em janeiro no Brasil e agora busca realizar a estreia Internacional do filme.

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