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Franceses se casam cada vez mais perto dos 40 anos, diz pesquisa

Os tempos mudam e as relações sociais também. Um reflexo disso na sociedade francesa é a escolha de se casar cada vez mais tarde, como analisa uma reportagem da revista L’Express desta quinta-feira (14).

Franceses se casam cada vez mais tarde, segundo pesquisa do Insee (Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos).
Franceses se casam cada vez mais tarde, segundo pesquisa do Insee (Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos). Reuters/Tobias Schwarz
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De acordo com dados coletados pelo Insee (Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos), nunca os franceses se casaram tão tarde. Em 1996, uma mulher tinha em média de 30 anos ao se casar. Já um homem, 33 anos. Em 2022, a maioria das mulheres se casou perto dos 37 e os homens, quase aos 40. Ou seja, em quase 30 anos, a idade média de pessoas heterossexuais que optam pelo casamento aumentou cerca de dez anos.

As pessoas de mesmo sexo que se casam geralmente são ainda mais velhas: média é de 38 anos para as mulheres e 44 para os homens.

Em 1946, o casamento entre 20 e 24 anos era a norma entre as mulheres. Hoje, apenas uma entre oito mulheres que se casam tem menos de 25 anos.

A entrada em massa das mulheres no mercado de trabalho nos anos 1960, o direito de assinar um contrato ou de abrir uma conta bancária sem o acordo do cônjuge, abriu as portas para a autonomia financeira. O casamento deixou, desta forma, de ser um plano de subsistência, analisa a publicação. “O casamento não significa mais passar de uma família para outra”, explica a socióloga Florence Maillachon, especialista no estudo de relações interpessoais, citada por L’Express.

O aumento da média da idade também se explica porque os dados incluem pessoas que se casam em segundas núpcias, por exemplo. Antigamente, o casamento fazia parte do rito de passagem para a vida adulta. O estudo também mostra que  as uniões legais para gerações nascidas a partir dos anos 1970 foram adiadas.

Liberação sexual

Os ventos de “paz e amor” também relaxaram a pressão social sobre o casamento e a condição de solteiro. A evolução de leis também deu um empurrão nas metamorfoses do casal.

A chegada dos chamados Pacs – pacto civil de solidariedade – trouxe vantagens fiscais e o aumento de uniões civis, também favorecendo homossexuais. Até a pandemia do coronavírus influenciou os casamentos, tornando-os mais escassos em 2020.

Hoje, 63% das crianças recém-nascidas na França não são frutos de um casal unidos “no papel”.

“O casamento chega em uma etapa da vida quando as pessoas refletem sobre o futuro e herança”, explica Nicolas Belliot, professor da universidade de Bordeaux, especialista em demografia da família e uniões. “O casamento oferece uma segurança que nem sempre é garantida pelo Pacs”.

Outra razão para essa mudança de comportamento está no bolso. Na França, onde já caiu a tradição de os pais dos noivos pagarem a conta da festança, a decisão é tomada quando os futuros cônjuges têm potencialmente mais poder econômico.

Para se ter uma ideia, um casamento para cem pessoas custava em média entre € 12.400 e € 13.700 euros em 2022, segundo a organização do Salão do Casamento, de Paris. Entretanto, por conta dos adiamentos gerados pela pandemia, o número de festas deve aumentar entre 2023 e 2024.

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