Acessar o conteúdo principal

Ministro francês da Economia lança livro com trechos eróticos e vira piada nas redes sociais

Depois que a secretária de Estado francesa da Economia Social e Solidária, Marlène Schiappa, ilustrou a capa da revista Playboy, desta vez são os trechos eróticos do mais novo livro do ministro das Finanças, Bruno Le Maire, que inauguram uma nova polêmica na cúpula do Governo da França, que se vê obrigado a defender sua imagem e repensar seu modelo de comunicação.

O ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, 54, autor de 13 livros.
O ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, 54, autor de 13 livros. © JOEL SAGET / AFP
Publicidade

"Fugue américaine" (Fuga Americana, em tradução livre), o mais recente romance de Bruno Le Maire (editado pela Gallimard) foi lançado nas livrarias na última quinta-feira (27). O título é dedicado ao pianista Vladimir Horowitz, por meio da história de dois irmãos, Franz e Oskar Wertheimer, que viajam a Cuba para assistir a um dos seus concertos e cujas vidas viram do avesso.

Mas foi uma página do livro que chamou a atenção, quando um dos protagonistas do romance descreve sua excitação sexual extrema nos termos mais explícitos. Suas falas circularam nas redes sociais, provocando uma onda de sarcasmo e zombaria.

As publicações, claro, logo assumiram também uma conotação de questionamento político. O governo não estaria dessincronizado com os ânimos do país, mergulhado na crise previdenciária, marcada por novas manifestações nesta segunda-feira por ocasião do 1º de Maio?, se perguntam os posts.

"Ubu à Bercy"

"Seria preciso um novo Alfred Jarry para escrever Ubu Rei. Ele também poderia escrever Ubu à Bercy [sede do ministério francês das Finanças]" para descrever os últimos episódios relativos a Bruno Le Maire, disse ironicamente no domingo (30) o deputado do partido de A França Insubmissa François Ruffin, em referência ao escritor burlesco e absurdo.

Para ele, o ministro das Finanças não deveria ter "um minuto, uma hora, uma semana do seu tempo para se dedicar a escrever um livro", no momento em que os franceses vivem "grandes preocupações com a inflação".

Coincidentemente, a publicação do livro de Le Maire aconteceu ao mesmo tempo em que o rebaixamento do rating financeiro da França pela agência americana Fitch era anunciado.

O deputado da oposição não tardou em traçar um paralelo com a recente polêmica causada pela publicação de uma entrevista da secretária de Estado da Economia Social e Solidária, Marlène Schiappa, concedida à revista Playboy. "São coisas parecidas", observou ele.

A aparição da ministra na primeira página da revista masculina, ilustrada por algumas fotos, desagradou a primeira-ministra Elisabeth Borne, que reclamou. Ela teme dar a impressão de estar à frente de um governo disperso em sua comunicação.

A esse contexto soma-se o efeito desestabilizador de uma entrevista concedida no final de março pelo presidente Emmanuel Macron à revista infantil Pif.

 

“A política não seria suficiente”

Autor de 13 livros, cinco deles publicados nos últimos quatro anos, Bruno Le Maire insiste em sua dupla carreira, política e literária. “Se só existisse a política, sem essa liberdade que dá a criação literária e romântica, a política não seria suficiente”, explicou durante uma entrevista na semana passada à AFP.

 

Solicitados pela imprensa para comentar a crise política e social em meio às manifestações do 1º de Maio contra a reforma da Previdência, os líderes do Governo não escaparam de perguntas sobre a página mais “crua” da mais recente obra de Le Maire.

“Isso mostra que, por trás dos ternos dos ministros (...) há sentimentos”, respondeu na BFMTV e na RMC o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, um pouco constrangido. Ele admitiu que não leu o livro, apenas a passagem erótica que "o fez sorrir".

"Ele organiza seu tempo como quer", declarou o à LCI o líder do partido Movimento Democrático, François Bayrou, afirmamdo que ele também escreveu livros enquanto ocupou o cargo ministerial. O político centrista não disse se leria "Fugue américaine" e teve o cuidado de não comentar a qualidade literária da obra.

Em sua conta no Instagram, o escritor Nicolas Mathieu, Prêmio Goncourt 2018, afirma ver "um pouco de excesso" nas críticas à passagem erótica do romance. “Que trecho desse tipo não pareceria ridículo quando fora de contexto, isoladamente?”, questiona o autor antes de propor, com ironia, melhorar o estilo da obra. 

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.