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Macron dá prazo para acalmar revolta contra reforma da Previdência e lança 'pacto para o trabalho'

O presidente Emmanuel Macron disse que “escuta” a revolta dos franceses que se manifestaram contra a reforma da Previdência, em um discurso em rede nacional nesta segunda-feira (17). Dois dias após o projeto ter sido definitivamente adotado, o chefe de Estado prometeu, para apaziguar os ânimos, um “novo pacto para o trabalho”, cujas diretrizes serão colocadas em prática a partir da próxima semana, e um primeiro balanço das novas medidas será feito dentro de cem dias.

O presidente francês, Emmanuel Macron, durante pronunciamento oficial transmitido em cadeia nacional, quando tentou acalmar os ânimos contra a refoma da Previdência, lançando um novo "pacto para o trabalho". Paris, 17 de abril de 2023.
O presidente francês, Emmanuel Macron, durante pronunciamento oficial transmitido em cadeia nacional, quando tentou acalmar os ânimos contra a refoma da Previdência, lançando um novo "pacto para o trabalho". Paris, 17 de abril de 2023. © Élysée
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“Ninguém pode permanecer surdo à reivindicação de justiça social e de renovação de nossa vida democrática”, declarou Macron. Mas a “resposta não está nem no imobilismo, nem no extremismo”, acrescentou.

O presidente francês afirmou que a partir da próxima semana vai lançar novos projetos para reformar o mercado do trabalho, a Justiça e o progresso no país.

“Temos diante de nós cem dias de reconciliação, unidade, ambição e ação a serviço da França”, afirmou, marcando como prazo para o “primeiro balanço” das novas reformas o dia 14 de julho.

O chefe de Estado indicou que a primeira-ministra Elisabeth Borne dará mais detalhes sobre o plano que será aplicado “a partir da próxima semana”. “É nosso dever e eu confio em vocês, eu confio em nós para conseguir”, concluiu.

Pacto sobre a vida no trabalho

De acordo com o presidente, o “novo pacto sobre a vida no trabalho” será construído por meio do “diálogo social”, juntamente com sindicatos e organizações patronais, para refletir sobre temas como salários, divisão de renda, desgaste profissional, emprego de pessoas acima dos 55 anos e condições de trabalho.

Entre os grandes projetos que conta lançar estão, segundo Macron, propostas fortes contra a delinquência “e todos os tipos de fraudes sociais ou fiscais”. O presidente também prometeu “reforçar o controle da imigração ilegal”.

“O Estado de direito é nossa base. Não há liberdade sem direito nem sem sanção para os que transgridem o direito dos outros”, afirmou o chefe de Estado.

Macron também prometeu ações na área de saúde, para “diminuir a saturação” nos prontos-socorros e nos serviços de emergência dos hospitais até 2024.

Sobre a reforma das aposentadorias, ele voltou a afirmar que era “necessária”, mas reconheceu que “não tinha sido aceita”. “Apesar de meses de negociações, um consenso não pôde ser encontrado. E eu lamento”, acrescentou.

Volta da França

A partir dos próximos dias, Macron deve sair da residência oficial, no Palácio do Eliseu, para "discutir com os franceses", de acordo com fontes próximas à presidência. Estão previstas viagens pelo país a partir de quarta-feira (19), para falar principalmente sobre educação.

O chefe de Estado se mantém afastado das multidões desde o início do ano, mas a primeira-dama Brigitte Macron, em viagem a Val-d'Oise, no norte de Paris, garantiu que o casal presidencial, apesar das desavenças e de um "período complicado para os franceses", não está "isolado".

O presidente francês sabe que construir um vínculo continuará sendo difícil. Sua popularidade está em seu nível mais baixo desde a crise dos "coletes amarelos", no final de 2018, mas, em seu campo, espera-se que ele consiga se recuperar mais uma vez.

Sem maioria absoluta na Assembleia Nacional, no entanto, projetos de reforma são ainda mais complexos. Emmanuel Macron tinha confiado a Élisabeth Borne, em março, a missão de ampliar a maioria relativa, mas a chefe de governo não conseguiu.

Na noite desta segunda-feira, ele evitou a questão, falando sobre "coalizões e novas alianças" com contornos bastante vagos.

Sem surpresa, a oposição imediatamente criticou o discurso presidencial. Na extrema direita, Marine Le Pen denunciou uma "prática de poder desconexa, solitária e obtusa", após um discurso que, em sua opinião, anuncia "a continuação de um mandato de cinco anos de desprezo, indiferença e brutalidade".

"Completamente fora da realidade", estimou também o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon.

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