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Terceiro dia de movimento contra reforma da Previdência na França amplia debate sobre relações de trabalho

O terceiro dia de greve nacional e manifestações na França contra a Reforma da Previdência volta a ocupar as primeiras páginas dos principais jornais do país nesta quarta-feira (8). Mais do que contar um número inferior de manifestantes nas ruas, em relação a 31 de janeiro, e chamar os franceses para o movimento previsto para o próximo sábado (11), a imprensa enfatiza outros debates que vêm à tona sobre as relações de trabalho.

França: Adesão à greve e manifestações contra reforma da Previdência diminuem, mas sindicatos continuam mobilização. Strasbourg, em 07 de fevereiro de 2023.
França: Adesão à greve e manifestações contra reforma da Previdência diminuem, mas sindicatos continuam mobilização. Strasbourg, em 07 de fevereiro de 2023. AP - Jean Francois Badias
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O Libération destaca como o aumento da idade mínima para a aposentadoria é uma evidência de que o governo ignora as duras condições de trabalho de algumas classes que não têm essas dificuldades formalmente reconhecidas.

Em meio aos franceses que ocuparam as ruas nesta terça-feira (7), o diário recolheu depoimentos de pessoas que realizam trabalhos braçais ou que são expostas a situações estressantes – particularidades não contempladas na reforma – como profissionais da Saúde, assistentes sociais ou quem atua em linhas de montagem.

Outros admitem que "ignoravam a realidade de trabalho de pessoas próximas" antes do início deste movimento de contestação.

As condições não previstas na proposta de mudança também recebem a atenção do Les Echos, que chama a atenção para o quebra-cabeça da revalorização das pequenas pensões. O aumento dessas remunerações previsto pelo governo promete ser complicado para ser colocado em prática.

A manchete do La Croix se pergunta: uma reforma realmente indispensável? Quando o governo defende a necessidade de "salvar o sistema de aposentadorias". La Croix põe na balança em que pesam ativos e inativos, o aumento da expectativa de vida e as propostas da OCDE de mecanismos de ajustes automáticos para fechar essa conta.

Credibilidade

Já a edição do Le Parisien que chega às bancas nesta quarta-feira questiona em sua capa o papel da direita na polêmica em torno da aposentadoria. Depois de ter defendido a possibilidade de uma idade mínima de até 65 anos, contra os 62 atuais, durante a campanha presidencial, Os Republicanos parecem divididos, sob um forte risco de perda de credibilidade.

Por trás destes desencontros, se esconderiam dúvidas estratégicas para a corrida presidencial, ou mesmo para as eleições legislativas de 2027, especula o diário da capital francesa.

"Recolocar a direita em seu lugar" também é o tema do editorial do Le Figaro, que afirma que a reforma está colocando a direita "ao contrário", em que estariam se confrontando, de um lado, a coerência e, de outro, a febre da revanche.

Do outro lado, o site da revista L'Obs se pergunta: "E se a esquerda aproveitasse a revolta inesperada das subprefeituras?". Uma nota da Fundação Jean-Jaurès, think tank francês associado ao Partido Socialista, estima que os partidos de esquerda, unidos sob a frente social, poderiam se beneficiar deste movimento contra a reforma da aposentadoria nas pequenas e médias cidades onde o partido Reunião Nacional avançou recentemente.

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