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Festival de Cannes condena vigorosamente prisão de atriz iraniana e pede sua libertação

A direção do Festival de Cannes condenou nesta segunda-feira (19) "vigorosamente" a detenção no Irã da atriz Taraneh Alidoosti, famosa opositora do regime, e pediu a "libertação imediata" da artista. "Em solidariedade à sua luta pacífica pela liberdade e pelos direitos das mulheres", os organizadores do prestigiado festival de cinema enviaram "apoio total" a Alidoosti.

A atriz iraniana Taraneh Alidoosti, ao centro, posa para fotógrafos na chegada à estreia do filme 'Leila e seus irmãos', exibido na 75ª edição do Festival de Cannes, em maio passado.
A atriz iraniana Taraneh Alidoosti, ao centro, posa para fotógrafos na chegada à estreia do filme 'Leila e seus irmãos', exibido na 75ª edição do Festival de Cannes, em maio passado. AP - Daniel Cole
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A atriz, de 38 anos, foi detida no sábado (17) depois de expressar apoio às manifestações nas redes sociais, de retirar o véu exigido pelo rígido código vestimentar da República Islâmica e por denunciar a execução de manifestantes. A agência de informação do Poder Judiciário justificou a detenção alegando que Taraneh Alidoosti "não apresentou documentação para algumas de suas afirmações" sobre os protestos.

A atriz tem grande projeção internacional por seu trabalho com o aclamado diretor Asghar Farhadi. A produção "O Apartamento", na qual atuou, foi premiada com o Oscar de melhor filme internacional em 2017. Seu filme mais recente, "Leila e seus irmãos", foi exibido no Festival de Cannes em maio deste ano.

A última mensagem de Alidoosti nas redes sociais foi publicada em 8 de dezembro, mesmo dia em que Mohsen Shekari, de 23 anos, se tornou a primeira pessoa executada por seu vínculo com os protestos.

Também circularam imagens da atriz fazendo compras em Teerã sem o véu. Alidoosti prometeu que não deixaria o Irã e disse que estava disposta a "pagar qualquer preço para defender seus direitos". Neste fim de semana, já não era mais possível acessar sua conta no Instagram, que tem mais de 8 milhões de seguidores.

Apoio às manifestações

Conhecida por ter atuado em diversos filmes do cineasta Asghar Farhadi, Alidoosti havia manifestado apoio, por intermédio do Instagram, às manifestações desencadeadas pela morte de Mahsa Amini, uma iraniana de origem curda de 22 anos. Amini morreu em 16 de setembro, após ser detida em Teerã pela polícia da moralidade, por violação do rígido código de vestimenta que o regime impõe às mulheres, incluindo o uso do véu islâmico em público.

"Taraneh Alidoosti foi presa por suas ações recentes, publicando informação e conteúdos falsos, e por incitar o caos", anunciou a agência Tasnim, sem detalhar o lugar da detenção. 

Celebridades e grupos de direitos humanos fizeram apelos no domingo (18) ao Irã para libertar a atriz e ativista feminista, uma das mais reconhecidas do país.

O regime iraniano acusa os Estados Unidos e outros "inimigos" de estarem por trás dos protestos, que estão sendo reprimidos com violência. Desde setembro, centenas de pessoas morreram no Irã, milhares de manifestantes foram detidos e dois homens foram executados.

Estado de saúde preocupa

Somayeh Mirshamsi, assistente de direção do filme "O Apartamento", assegurou que Alidoosti havia telefonado ao pai para lhe dizer que estava reclusa na prisão de Evin, administrada pelo Ministério de Inteligência em Teerã.

Durante o telefonema, ela pediu a seu pai que lhe levasse medicamentos. A família da atriz está "preocupada" com seu estado de saúde, escreveu Mirshamsi no Twitter.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos também disse que estava "profundamente preocupado" com a prisão da atriz, enfatizando que "todos aqueles detidos por protesto pacífico devem ser libertados imediatamente".

Em apoio a Alidoosti, o grupo pop britânico Pet Shop Boys denunciou o "governo fascista" do Irã, publicou uma foto da atriz e vários links para reportagens sobre a prisão da artista, nas redes sociais da banda.

"A corajosa atriz do Irã foi presa", escreveu a colega atriz Golshifteh Farahani, no Instagram. Farahani iniciou sua carreira no Irã, mas acabou por deixar o país devido às derivas do governo autoritário.

(Com informações da AFP)

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