França enfrenta onda de calor excepcional para mês de outubro
Depois de um verão com picos extremos de calor, os franceses estão vivendo um mês de outubro - geralmente de temperaturas amenas - com dias excepcionalmente quentes, com praias cheias, esplanadas lotadas e noites tropicais. O fenômeno preocupa especialistas, que apontam para o efeito estufa como uma das causas.
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Outubro de 2022 será "sem dúvida um mês recorde em termos de calor", disse à AFP Christine Berne, climatologista do serviço nacional Météo-France, na terça-feira (25), prevendo uma temperatura média ao longo do mês entre 16,8°C e 17,3°C.
"Isso está bem acima do recorde anterior estabelecido em outubro de 2001, com 16,3°C", disse Berne.
Na concorrente privada Weather Channel, os meteorologistas também antecipam que outubro "será o mais quente já registrado na França desde 1945".
Essa “situação de forte anomalia persistirá até ao final do mês, com um aumento médio de +3,7°C em relação ao habitual” para a época, indicou Pascal Scaviner, responsável pelo serviço de previsão da empresa Chaine Météo. Os registros anteriores datavam de 2006 (+2,37°C) e 2001 (+2,69°C).
A semana promete ser "excepcional", com um pico de calor na quinta-feira com temperaturas médias de 28°C a 30°C no sudoeste.
Há vários dias, o termômetro já deu sinais de alerta no sul do país. No último domingo, Figari (na ilha da Córsega) registrou 32,5°C, um nível inédito desde 2006.
"E, novamente, o recorde anterior foi em 3 de outubro, e não 23 de outubro. Normalmente, a partir de meados de outubro as temperaturas começam a cair e aí é o contrário", observa Berne.
Scaviner também nota uma acentuação desde o dia 16 de outubro. “No início do mês, as temperaturas estavam 2,56°C acima do normal, mas desde o dia 16, estamos com 5 graus a mais".
Não é necessariamente raro ver um "pico repentino de calor, que dure três ou quatro dias" nesta época, mas é a "persistência do episódio" que é desconcertante, segundo a Météo-France.
Até terça-feira, Aix-en-Provence (sul) já havia registrado seu recorde mensal de dias quentes (16 contra 13 em outubro de 2004), assim como Perpignan (sudoeste): 14 dias com termômetro acima de 25°C, contra 13 em 2014 e 1942.
E, em várias cidades do sul, a temperatura do termômetro não desce junto com o pôr do sol.
Especialistas preocupados
"Este ano, as temperaturas estão descontroladas. Com exceção de um curto período em setembro, temos vivido meses com períodos longos de calor desde abril. Temos a impressão de que a atmosfera tem cada vez mais dificuldade para se esfriar”, analisa Berne.
A causa seria um fenômeno de conjuntura: uma onda de ar quente vinda da África, misturada aos efeitos das mudanças climáticas.
“Sem o aquecimento global” causado pelos gases de efeito estufa emitidos pelo homem, “não teríamos temperaturas tão altas, com a perturbação climática contribuindo para fenômenos extremos mais frequentes e intensos, cada vez mais cedo”, diz a especialista.
Com tanto calor, "a probabilidade de compensar o forte déficit de precipitação desde o início do ano é baixa e, portanto, a seca superficial aumentará ainda mais", alerta Scaviner.
(Com informações da AFP)
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