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Vídeo de corrida de kart em presídio francês viraliza e provoca polêmica

Um vídeo filmado em uma prisão francesa com atividades inspiradas em um programa de TV provocou uma onda de críticas e polêmicas durante o último fim de semana, principalmente por causa das imagens de uma corrida de kart. O ministro da Justiça francês, Eric Dupond-Moretti, anunciou no Twitter no sábado (20) que, "diante das imagens chocantes, havia ordenado uma investigação administrativa" para examinar os fatos.

Corredor da prisão de Fresnes, na França, onde ocorreu um game show com detentos (imagem ilustrativa).
Corredor da prisão de Fresnes, na França, onde ocorreu um game show com detentos (imagem ilustrativa). AP - Christophe Ena
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O jornal Le Figaro apurou, no entanto, que o evento fora aprovado pelos mais altos escalões do sistema judiciário, tendo o gabinete do ministro sido informado. Verificou-se ainda que apenas dois detentos participaram da corrida de kart.

Questionado pela AFP, o Ministério da Justiça declarou que o ministro "sempre foi favorável às atividades esportivas e culturais para os detidos, mas que no projeto, tal como foi apresentado, não existiam as atividades reveladas pelo vídeo, em particular a corrida de kart".

O evento, batizado de "Kohlanness", em referência a um conhecido game show – “Koh Lanta” – aconteceu no dia 27 de julho dentro do presídio de Fresnes, no departamento de Val-de-Marne, na região metropolitana de Paris. Mas um vídeo compartilhado nesta sexta-feira (19) acabou viralizando e causando grande alvoroço, principalmente nos círculos políticos da direita.

Três equipes - detentos, guardas e moradores da cidade de Fresnes - competiram em diversas provas: perguntas, kart, mímica e cabo de guerra sobre uma piscina. O evento foi promovido em prol de associações.

"Sentenças curtas"

No vídeo, Djibril Dramé, organizador dessas atividades, cuja primeira edição com jovens e policiais ocorreu em julho em Fresnes, especificou que os detentos que participaram do jogo estavam na prisão "por sentenças curtas".

"Os detentos estão ali por algum motivo e o caminho para a reintegração é por meio do trabalho na prisão, mas também temos o dever de não os deixar de lado e acima de tudo não esquecer que são humanos como nós", acrescentou Dramé.

O ministro da Justiça tuitou no sábado: "Depois das imagens chocantes da prisão de Fresnes, imediatamente ordenei uma investigação para um esclarecimento. A luta contra a reincidência passa pela reintegração, mas certamente não pelo kart!".

Extrema direita critica

No sábado, diversos representantes da extrema direita criticaram a organização dessas "atividades de verão para prisioneiros" em Fresnes. "Durante este período, uma em cada três crianças não viaja de férias por falta de recursos financeiros. Os contribuintes ficarão felizes em ver para onde vai seu dinheiro", tuitou Hélène Laporte, vice-presidente do Reunião Nacional (RN), partido de Marine Le Pen.

Já o deputado Manuel Bompard, da França Insubmissa, de extrema esquerda, disse nesta segunda-feira (22) em entrevista à rádio FranceInfo que se trata de uma polêmica “muito absurda e desumana”.

O deputado Eric Ciotti, do LR (Os Republicanos, do ex-presidente Nicolas Sarkozy),  protestou: "Nossas prisões não são acampamentos de verão em que prisioneiros e guardas tecem laços de amizade".

Diversas organizações policiais também reagiram negativamente, como o Sindicato dos Executivos de Segurança Interna (SCSI-CFDT), julgando as imagens "chocantes".  "A prisão deve promover a reintegração, mas deve ser transformada em um centro de hobbies?", lançou o sindicato pelo Twitter.

Cédric Boyer, chefe do sindicato Força Operária, na prisão de Fresnes, destacou à AFP que "a reintegração envolve formação profissional, trabalho, escola e sobretudo indenização das vítimas" e que "a prisão é um lugar de privação de liberdade".

(Com informações da AFP)

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