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Racismo e xenofobia diminuem na França, mas preconceito contra ciganos segue alto, diz relatório

A tolerância em relação às minorias evolui na França, aponta um relatório da Comissão Nacional Consultativa dos Direitos Humanos, divulgado nesta segunda-feira (18). No entanto, alguns grupos, como os ciganos, continuam sendo estigmatizados, afirma o documento que faz um apelo em prol da luta contra os preconceitos. 

Durante protesto em Saint-Denis, na periferia de Paris, em 4 de junho de 2022, manifestante exibe cartaz com a mensagem "racismo = morte".
Durante protesto em Saint-Denis, na periferia de Paris, em 4 de junho de 2022, manifestante exibe cartaz com a mensagem "racismo = morte". AFP - SAMEER AL-DOUMY
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"De 1990 a 2022, a aceitação das minorias progrediu globalmente na França", diz o relatório, que ressalta que desde 2015 o nível de aceitação das diferenças aumenta entre os franceses. Por outro lado, a Comissão Nacional Consultativa dos Direitos Humanos acredita que é necessário evoluir e continuar o trabalho de sensibilização contra os preconceitos nas escolas e universidades.

Desde 2008, o relatório é elaborado anualmente, junto com um "parâmetro de tolerância", calculado a partir de entrevistas com cidadãos. Em 2022, esse índice é de 68 de uma escala que vai no máximo até 100. São dois pontos a mais do que em 2019 e 14 em relação a 2013, o que mostra uma clara mudança de comportamento da população em relação às minorias, dizem os autores do documento. 

Por grupos, o índice é de 80 em relação aos negros, 79 aos judeus, 74 aos magrebinos (árabes do norte da África) e 62 aos muçulmanos. A minoria que os franceses mais tem dificuldades para aceitar são os "roms", ciganos do leste europeu, cuja escala de tolerância ficou em 52.

Racismo e xenofobia ainda são presentes

"Os discursos estigmatizantes com bases racistas e xenófobas não desapareceram do espaço público e midiático", ressalta Jean-Marie Burgubur, presidente da comissão. Segundo ele, a pandemia de Covid-19 reativou as teorias conspiracionistas antissemitas e a campanha das eleições presidenciais foi marcada "pelo retorno obsessivo da segurança, suscetível de reforçar os reflexos de xenofobia". 

Mesmo que estejam em recuo, os preconceitos perduram, afirma o documento. Uma prova disso é que 38% dos franceses pensam que "o Islã é uma ameaça à identidade do país" (contra 44,7% em 2019). Além disso, 45% pensam que "os roms vivem essencialmente de roubos e tráfico" (contra 48,2% em 2019). Entre os entrevistados, 37% pensam que "os judeus têm uma relação particular com dinheiro", uma ideia em alta em comparação a 2019, quando essa percentagem era de 34,1%. 

Preconceito velado 

A Comissão Nacional Consultativa dos Direitos Humanos ressalta que o racismo, o antissemitismo e a xenofobia permanecem subestimadas na França: "1,2 milhão de pessoas seriam vítima, a cada ano, de ao menos um ataque, entre injúrias, ameaças, violências ou discriminações". Segundo números do Ministério do Interior, 7.759 casos de caráter discriminatório foram registrados no país. 

Por isso, a comissão formulou doze recomendações prioritárias, como a formação constante de professores sobre a questão, a adoção de um plano nacional para a instrução dos cidadãos, além de uma melhor capacitação da polícia e dos magistrados. Os autores do relatório também recomendam um reforço da luta contra os preconceitos anticiganos, com "um engajamento do governo para fazer evoluir o olhar e as práticas em relação às populações roms". Outra preconização do grupo é o acesso às denúncias online, além de uma maior atenção da problemática das discriminações no mercado de trabalho. 

No total, para chegar a essas conclusões, a Comissão Nacional Consultativa dos Direitos Humanos ouviu 1.300 cidadãos franceses nesses últimos meses. As entrevistas que se concentraram nas temáticas do racismo, antissemitismo e xenofobia foram realizadas online e em presencial. 

(Com informações da AFP)

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