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Eleição francesa: Le Pen e Macron investem no corpo a corpo nos últimos dias de campanha

Às vésperas do 2º turno, o ritmo dos dois candidatos à eleição presidencial da Franças é intenso e inclui encontros com eleitores, visitas a várias cidades em apenas um dia e reuniões em praça pública. Emmanuel Macron (LREM) e Marine Le Pen (RN) aumentam o ritmo de viagens e entrevistas, de olho nos votos que ainda são necessários para vencer.  

Na campanha eleitoral francesa, Le Pen pede para eleitores "não terem medo" de votar nela, e Macron critica salários "excessivos" de grandes empresários
Na campanha eleitoral francesa, Le Pen pede para eleitores "não terem medo" de votar nela, e Macron critica salários "excessivos" de grandes empresários AFP - THOMAS COEX
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A nove dias do segundo turno, os dois candidatos continuam trocando farpas, mas à distância. A campanha segue em ritmo acelerado e o tom endurece entre Macron e Le Pen (RN). Os dois candidatos tentam convencer o eleitorado de esquerda; o voto deles será crucial no segundo turno, no dia 24 de abril.

Durante uma viagem nesta sexta-feira (15) à região da Provença-Alpes-Costa Azul, a líder do partido de extrema direita Reunião Nacional enfrentou momentos de tensão com os moradores. No mercado de Pertuis, em Vaucluse, os jornalistas testemunharam embates tensos entre manifestantes anti-Le Pen e o serviço de segurança da candidata. Um vídeo publicado pelo jornalista Alex Sulzer, do jornal francês Le Parisien, no Twitter, mostra o momento da confusão.

Um casal franco-ucraniano também se dirigiu à Marine Le Pen, com uma bandeira ucraniana nas mãos, gritando: "venha conversar com os ucranianos". Marine Le Pen defende um programa firme contra a imigração.

Le Pen se defende

Em entrevista aos canais BFMTV/RMC, nesta sexta-feira, a líder do RN perguntou: "Você não acredita que existem dezenas de milhões de franceses que consideram que o governo de Emmanuel Macron foi um governo terrivelmente autoritário, que ele governou sozinho, com brutalidade, que reprimiu manifestações, que ele liderou brutalmente, em desrespeito à Assembleia Nacional?"

Ao apontar figuras políticas que se manifestaram publicamente contra a sua eleição, ela denunciou uma frente que "nada tem de republicana". “Temos a possibilidade de sair de um sistema que já dura trinta anos. É normal que esse sistema busque se defender da forma mais brutal possível, com base em difamação e injúria”, disse a candidata. "A política hoje não é o governo do povo, pelo povo, para o povo. É o governo de um pequeno número para um pequeno número", afirmou Marine Le Pen, que se orgulha de representar, em suas palavras, "a França dos esquecidos".

Macron de volta às ruas

Depois de quase não aparecer durante a campanha para o primeiro turno, quando se contentou em fazer apenas três viagens e poucas intervenções na mídia, o presidente Emmanuel Macron vem ocupando o terreno e defendendo o seu programa eleitoral. O candidato à reeleição faz novas promessas para alcançar, principalmente, os eleitores de esquerda, nesta segunda fase da eleição presidencial.

Em entrevista à rádio France Info, nesta sexta-feira, Macron, que já havia acusado a rival de "deriva autoritária", alertou para o conteúdo do programa de extrema direita. Questionado sobre a possibilidade de nomear um primeiro-ministro de esquerda, Emmanuel Macron respondeu "que nunca descartou nada". O presidente sempre se apresentou como sendo "nem de direita e nem de esquerda", embora, muitas vezes, tenha sido acusado de ser o "presidente dos ricos".

Macron disse considerar "chocante e excessivo" o valor da remuneração paga aos dirigentes da montadora Stellantis e pediu o estabelecimento de "tetos" na União Europeia (UE). O assunto veio à tona em plena campanha, após a notícia de que o salário do empresário Carlos Tavares, CEO do grupo Stellantis, pode chegar a € 66 milhões.

Macron investe na campanha na reta final

Para o diretor-geral do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop), "Emanuel Macron está finalmente começando a fazer campanha, está entrando em campo e a Ucrânia saiu do foco", analisa. "Certamente ele pode ser atingido pela gritaria das ruas. Mas ele é realmente um candidato", completa.

Desde o início da semana, Macron diminuiu os compromissos diplomáticos em sua agenda e multiplicou os encontros com os eleitores. Um comício está previsto em Marselha, no sábado (17). Em entrevista ao canal LCI, o presidente da Assembleia Nacional, Richard Ferrand, afirma que Emmanuel Macron "não deixa de entrar em contato com os franceses e as francesas", enquanto "Madame Le Pen dá coletivas de imprensa em hotéis isolados por serviços de segurança”.

Na segunda e terça-feiras, Emmanuel Macron viajou para seis cidades do norte e do leste da França que deram preferência de voto à candidata de extrema direita, Marine Le Pen, ou à esquerda radical, de Jean-Luc Mélenchon. “Vamos dar a cara a tapa”, repetiu ele muitas vezes, falando estar aberto às críticas. O corpo a corpo, porém, pode ser arriscado. "Nunca vi um presidente da quinta República tão ruim quanto o senhor", soltou um eleitor, nesta terça-feira (12) em Estrasburgo, ao encontrar com Macron.

"Está tudo ao contrário nesta campanha: Emmanuel Macron procura restaurar uma imagem de proximidade que não tem e Marine Le Pen quer instalar e consolidar uma imagem de credibilidade que ela tem menos ainda", avalia Bernard Sananès, presidente do instituto de pesquisa Elabe, para a AFP. O tom fica cada vez mais amargo entre os dois adversários, que se enfrentarão na próxima quarta-feira (20) num debate televisivo, o ponto culminante da campanha.

(Com informações da AFP)

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