França: socialista Christiane Taubira critica adversários por "falta de respeito", após vitória em primárias da esquerda
A imprensa francesa analisa nesta segunda-feira (31) a vitória da ex-ministra socialista Christiane Taubira nas chamadas "primárias populares". Taubira, ex-titular da Justiça durante o governo de François Hollande, chegou em primeiro lugar na votação, cujo objetivo era unir a esquerda e os ecologistas numa candidatura única para enfrentar as eleições presidenciais de abril. Três participantes ignoraram o resultado e continuarão suas campanhas.
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Taubira denunciou a postura dos concorrentes como uma "falta de respeito" em relação à escolha feita por 400 mil cidadãos que manifestaram suas preferências nas primárias. O objetivo do processo, organizado por militantes de esquerda, era indicar uma personalidade que pudesse fazer a síntese das pautas sociais e ambientais.
Porém, na avaliação do jornal Le Monde, as "primárias populares" fracassaram. Os resultados logo foram rejeitados por três candidatos de peso político que já estão campanha: a socialista Anne Hidalgo, prefeita de Paris, o ecologista Yannick Jadot, e candidato de extrema esquerda Jean-Luc Mélenchon (do partido A França Insubmissa). O comunista Fabien Roussel, que sequer foi incluído na lista de nomes, também afirmou que não irá retirar sua candidatura.
A imprensa já esperava uma vitória de Christiane Taubira, de 69 anos. Ela é a preferida dos militantes, vista como uma espécie de "autoridade" à esquerda que, legitimada pelo voto popular, talvez pudesse pairar acima das disputas personalistas de concorrentes, como a também socialista Anne Hidalgo, o Jean-Luc Mélenchon e o Yannick Jadot.
Mas após o anúncio dos resultados, na noite de domingo (30), a sensação é de que nada mudou, e Taubira tornou-se apenas mais uma candidata à esquerda, mais um nome para dividir o voto dos eleitores. O ambientalista Yannick Jadot foi o 2° colocado e Jean-Luc Mélenchon, de extrema esquerda, o terceiro.
Salvação da esquerda
Em seu editorial, o jornal Libération diz que a ideia dos organizadores do processo era "salvar a esquerda" de sua própria mediocridade, fazer com que os postulantes "colocassem o ego em segundo plano", para ter alguma chance de chegar ao segundo turno das presidenciais. "Mas a iniciativa foi lançada tarde demais e os desentendimentos entre uns e outros são muito grandes", lamenta o jornal.
"A esquerda estaria condenada ao suicídio eleitoral?", questiona o Libé, o que parece bastante provável. "Mas só os próximos dias dirão", conclui o editorial.
Le Parisien destaca que a prefeita de Paris "levou um banho de água fria dos eleitores". Foi "uma bofetada, uma humilhação", escreve o jornal. Anne Hidalgo chegou em 5° lugar, atrás de um concorrente quase desconhecido.
De acordo com as últimas pesquisas, Hidalgo tem cerca de 3% das intenções de voto, Taubira 5%, Jadot 7% e Mélenchon 10%. O presidente Emmanuel Macron, que ainda não oficializou sua candidatura à reeleição, aparece com 24%, seguido por Marine Le Pen, da extrema direita (18%) e Valérie Pécresse (16%), da direita.
A maioria dos analistas políticos acredita que a corrida à esquerda ficará mais clara com a publicação das próximas pesquisas eleitorais.
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