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Ex-ministra de esquerda se candidata à presidência da França e propõe 5 mil reais de renda para estudantes

A ex-ministra da Justiça francesa Christiane Taubira se lançou oficialmente como candidata às eleições presidenciais de abril na França. Ela tem o objetivo ambicioso de unir a esquerda, que já tem ao menos oito candidatos declarados para suceder a Emmanuel Macron no Palácio no Eliseu. A três meses do primeiro turno, nenhum postulante da esquerda alcança 10% das intenções de voto. 

Christiane Taubira, ex-ministra da Justiça, oficializou sua candidatura à eleição presidencial de 2022 com um discurso em Lyon. 15/01/2022
Christiane Taubira, ex-ministra da Justiça, oficializou sua candidatura à eleição presidencial de 2022 com um discurso em Lyon. 15/01/2022 © JEAN-PHILIPPE KSIAZEK/AFP
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Em um discurso realizado neste sábado (15) em Lyon, no sudeste da França, Christiane Taubira disse que deseja dar uma resposta à "raiva" dos franceses e às "injustiças sociais". Ela defende um governo "que saiba dialogar, em vez de dar lição de moral". "E faremos isso juntos, porque somos capazes", acrescentou. A ex-ministra afirmou que o país precisa de "um novo contrato social" e de um Palácio do Eliseu "livre de fantasias monárquicas".

Ministra do ex-presidente socialista François Hollande, Taubira, de 69 anos, nasceu no território da Guiana Francesa. Foi candidata na eleição presidencial de 2002, obtendo 2,3% dos votos. Na corrida de 2022, ela se apresenta dentro de uma iniciativa cidadã que busca lançar um candidato único da esquerda.

Entre suas propostas de governo, Taubira quer "tornar o Estado mais atento, mais justo e mais eficiente". Para alcançar este objetivo, ela defende a introdução de "convenções de cidadãos" e "referendos de iniciativa cidadã" em todos os debates públicos; "uma renda de 800 euros por mês (cerca de 5 mil reais) durante cinco anos" para os estudantes; um reajuste do salário mínimo para "1.400 euros líquidos", contra 1.269 euros atualmente; tributar grandes fortunas "a partir de 10 milhões de euros de ativos"; e recrutar 100.000 trabalhadores para a área da saúde.

Taubira aderiu às primárias cidadãs, uma iniciativa de militantes que tentam combater a fragmentação das forças progressistas. A seleção de concorrentes, que reúne sete nomes, foi divulgada neste sábado: Christiane Taubira; Anne Hidalgo, prefeita socialista de Paris; Yannick Jadot, candidato ecologista; Jean-Luc Mélenchon, fundador do movimento de extrema esquerda França Insubmissa; Pierre Larrouturou; deputado europeu especialista em questões de economia; Charlotte Marchandise; militante associativa na área da saúde; e Anna Agueb-Porterie, ambientalista de 24 anos. Quem sair vitorioso desta consulta deve ser o candidato que representará os 15 milhões de eleitores de esquerda no primeiro turno, esperam os organizadores. 

Adversários descartam primárias

Porém, apesar do forte desejo da militância de estar representada por um único concorrente indicado pelas bases, Anne Hidalgo, Yannick Jadot e Jean-Luc Mélenchon já anunciaram não ter interesse em aderir à iniciativa e continuarão com suas campanhas, qualquer que seja o resultado das primárias. Além de todos os nomes citados, ainda participam da corrida o comunista Fabien Roussel e Arlette Laguiller, líder do pequeno partido trotskista Luta Operária.  

Segundo pessoas mais próximas, Taubira continua despertando "fervor" entre os eleitores de esquerda, desiludidos após a vitória de Macron, em 2017, e o colapso dos partidos tradicionais. Macron ainda não se declarou candidato oficialmente, mas as pesquisas indicam que ele venceria o primeiro turno contra a candidata da extrema direita, Marine Le Pen, que é seguida de muito perto pela concorrente da direita, Valérie Pécresse.

Clipe de Marine Le Pen causa protesto de direção do Louvre

A campanha presidencial francesa avança a pleno vapor, apesar da pandemia. Em um vídeo divulgado neste sábado nas redes sociais, Marine Le Pen instiga os eleitores a repetir a experiência de 2017 e ajudá-la a chegar ao segundo turno para enfrentar Macron. Ela gravou as imagens diante da Pirâmide do Museu do Louvre, no mesmo local onde Macron pronunciou o discurso da vitória na eleição passada. No clipe de três minutos e meio, ela pede aos eleitores que a ajudem a "fechar definitivamente o intervalo de cinco anos de um macronismo tóxico para o país". 

Em poucas horas, as imagens filmadas no museu geraram uma polêmica entre a equipe de campanha de Marine e a direção do Louvre, que lembrou que a utilização de imagens da Pirâmide, projetada pelo arquiteto sinoamericano Ieoh Ming Pei, falecido em 2019, é sujeita a autorização prévia, o que não ocorreu. A direção do Louvre pediu a assessores da candidata que retirem o vídeo das redes sociais, mas não informou se, em caso de insistência de Marine, irá recorrer à Justiça para solucionar o litígio.

No vídeo, a líder de extrema direita faz uma série de referências históricas sobre o local e o que o Louvre representa para os franceses, no mesmo estilo de registro de seu concorrente direto, o jornalista Eric Zemmour.

O também candidato de extrema direita, chamado de Bolsonaro francês, está sendo muito criticado depois de uma declaração feita na sexta-feira (14). Em um debate com professores simpatizantes de sua candidatura no norte da França, Zemmour denunciou "a obsessão inclusiva de ter de aceitar crianças especiais nas escolas". Para o candidato, crianças deficientes deveriam ser escolarizadas em estabelecimentos especiais, "à exceção daquelas com comprometimento realmente leve", destacou. 

O comentário de Zemmour causou protestos da oposição e da secretária de governo encarregada dos Deficientes, Sophie Cluzel. Em seu perfil no Twitter, ela considerou a declaração do candidato "lamentável". 

Com informações da RFI e AFP

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