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Protestos/ França

Relatório avalia que reformas favorecem os ricos na França, em mais um dia de protestos pelo país

Opositores à reforma da Previdência na França saíram novamente às ruas nesta quinta-feira (6) para marcar o nono dia nacional de mobilização. Os manifestantes exigem a retirada do projeto de lei, cujo texto começou a ser analisado na Assembleia Nacional. Em meio à animosidade que vem das ruas, o Observatório Econômico de Conjuntura Econômica (OFCE) revela que as mudanças realizadas pelo governo Macron privilegiam os ricos do país.

Manifestantes saem às ruas de Paris em mais um dia de protestos contra a reforma do sistema de aposentadorias. Em 6 de fevereiro de 2020.
Manifestantes saem às ruas de Paris em mais um dia de protestos contra a reforma do sistema de aposentadorias. Em 6 de fevereiro de 2020. Thomas SAMSON / AFP
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"A mobilização está aí. Quem se recusar a vê-la deve abrir os olhos", disse o secretário-geral do sindicato CGT, Philippe Martinez, durante a passeata em Paris. "Estamos longe do fim do movimento", completou.

Para exigir a "retirada de um projeto injusto e perigoso", segundo avaliação dos manifestantes, 121.000 pessoas participaram de protestos em toda a França, de acordo com balanço do ministério do Interior. O movimento reuniu 15.000 em Paris, segundo a mesma fonte, 130.000 pela contagem da CGT e vários outros milhares em Lyon (centro-leste), Marselha (sudeste), Toulouse ou Bordeaux (sudoeste).

Em Nice (sudeste), cerca de cinquenta bombeiros em greve desde junho se deitaram nos trilhos do bonde, bloqueados por 24 horas, assim como a maioria das linhas de ônibus. "Mesmo que sejamos poucos, ficaremos", disse Benjamin Vuolo, 52 anos, representante do sindicato autônomo de bombeiros contrário à reforma que adia a idade de aposentadoria.

Dois meses de protestos

O movimento iniciado em 5 de dezembro reuniu, durante o primeiro dia de manifestação, um milhão e meio de pessoas nas ruas da França, segundo a CGT, 806 mil de acordo com o ministério do Interior.

No auge da mobilização, os manifestantes atingiram 1,8 milhão de pessoas nas ruas, de acordo com dados da CGT de 17 de dezembro de 2019. Duas semanas depois, no dia 31 de dezembro, entre 452.000 e 1,7 milhão de pessoas se manifestaram. Porém, desde meados de janeiro, a mobilização vem diminuindo.

Alinhamento com o resto da Europa

O governo quer alinhar a França à maioria dos outros países, estabelecendo um sistema de pensões "universal", removendo aposentadorias especiais que permitem a certas categorias, como os ferroviários, deixarem o trabalho mais cedo. Ao mesmo tempo, o plano do governo visa a garantir o equilíbrio financeiro de longo prazo do país, incentivando os franceses a trabalharem por mais tempo.

O projeto começou a ser analisado em comissão parlamentar na Assembléia Nacional, que examinará mais de 20.000 emendas.

Enquanto isso, nas ruas, as ações continuam, organizadas, em particular, por servidores (polícia científica, coletores de lixo, trabalhadores de esgoto, etc.).

Em Paris, o transporte foi pouco afetado pela greve desta quinta-feira, mas um dos sindicatos, Unsa-RATP, pediu uma "segunda-feira negra" nos metrôs e trens no dia 17 de fevereiro, quando está previsto o exame do projeto de reforma previdenciária na Assembleia Nacional.

Presidente dos ricos

No momento em que parte da sociedade francesa se manifesta nas ruas, o Observatório Econômico de Conjuntura Econômica (OFCE) divulgou um relatório afirmando que o aumento do poder aquisitivo da população, de € 17 bilhões redistribuídos pelo governo desde 2018, não beneficia a todo mundo.

“Fizemos essa análise há três anos. A avaliação do orçamento para 2020 mostra que ele deverá beneficiar cerca de 70% de lares, basicamente entre os franceses de classe média e classe média alta”, disse à RFI o economista do OFCE, Pierre Madec. “Em média, podemos dizer que ganha quem recebe entre € 1200 e € 4000 por domicílio”.

Segundo o economista, medidas referentes a mudanças no cálculo do seguro desemprego, no sistema de ajuda para moradia, além do aumento do imposto sobre o tabaco vão diminuir o poder de compra dos mais pobres, que não são afetados pela redução no imposto sobre a renda.

“Quando colocamos isso em perspectiva e que olhamos a distribuição acumulada, vemos que a maior parte vai para os mais ricos, como a reforma do ISF (retirada do imposto sobre a fortuna), que marca fortemente o quinquênio de Macron. Os grandes perdedores são os aposentados e inativos, os lares mais pobres”, conclui

De outro lado, o governo diz que as reformas implementadas na atual legislatura favorecem os franceses que trabalham. Para a equipe do presidente Macron, não trabalhar poderá custar mais caro daqui para a frente.

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