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Parlamento Europeu adota primeira lei no mundo a regular inteligência artificial

O Parlamento Europeu adotou na quarta-feira (13) regras para regular sistemas de inteligência artificial (IA), como o ChatGPT. Esta é a primeira legislação sobre o assunto adotada no mundo.

Parlamento Europeu adotou primeira lei para regulamentação da inteligência artificial no mundo, em 13 de março de 2024, em Bruxelas, Bélgica.
Parlamento Europeu adotou primeira lei para regulamentação da inteligência artificial no mundo, em 13 de março de 2024, em Bruxelas, Bélgica. © DADO RUVIC / REUTERS
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O comissário europeu responsável pelo texto, Thierry Breton, celebrou, no X (ex-Twitter) o "apoio maciço" do Parlamento (523 votos a favor, 46 contra) ao texto que estabelece as "primeiras disposições coercivas e completas no mundo para uma IA confiável".

O projeto de lei foi apresentado pela Comissão Europeia em abril de 2021. O aparecimento, no final de 2022, do ChatGPT da start-up californiana OpenAI, capaz de escrever ensaios, poemas ou traduções em poucos segundos, deu uma nova dimensão ao texto. 

O sistema revelou o enorme potencial da IA, mas também os seus riscos. A divulgação de fotos ou vídeos falsos, mas muito realistas, alertou para o perigo de manipulação da opinião.

“Hoje é um dia histórico em nosso longo caminho para regulamentar a IA”, disse o co-relator do texto, Brando Benifei (Social-democratas), à imprensa na manhã de quarta-feira.

Com este texto, “conseguimos encontrar um equilíbrio muito tênue entre o interesse em inovar e o interesse em proteger”, acrescentou o co-relator Dragos Tudorache (Renew, centristas e liberais).

No entanto, esta legislação “é apenas o começo”, observou, sublinhando que a inteligência artificial continua a evoluir rapidamente.

“Teremos que estar muito atentos a esta evolução da tecnologia no futuro e estar preparados para responder aos novos desafios que dela poderão surgir”, alertou Tudorache.

Abordagem em dois níveis

A legislação prevê uma abordagem em dois níveis. Os modelos de IA de “uso geral” terão de cumprir as obrigações de transparência e com as regras europeias de direitos autorais.

Quanto aos sistemas considerados de “alto risco” – utilizados, por exemplo, em infraestruturas críticas, educação, recursos humanos, aplicação da lei – estarão sujeitos a requisitos mais rigorosos. Por exemplo, terão de prever o estabelecimento de uma análise de impacto obrigatória nos direitos fundamentais.

Imagens, textos ou vídeos gerados artificialmente (deep fakes) devem ser claramente identificados como tal.

O texto também proíbe a classificação de cidadãos ou os sistemas de vigilância em massa utilizados na China, ou mesmo a identificação biométrica remota de pessoas em locais públicos.

Neste último ponto, os Estados obtiveram, no entanto, isenções para certas missões de aplicação da lei, como a prevenção de uma ameaça terrorista ou a busca seletiva de vítimas.

A legislação europeia será dotada de meios de vigilância e sanções com a criação de um gabinete europeu de IA, dentro da Comissão Europeia. Pode aplicar multas que variam entre € 7,5 e 35 milhões (R$ 13,75 a 190 milhões), dependendo da infração e do tamanho da empresa.

“Regulamos o mínimo possível, mas tanto quanto necessário”, escreveu o comissário europeu Thierry Breton no X.

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Regras pouco claras   

Mas o mundo da tecnologia manifestou desconfiança. “Muitas destas novas regras permanecem pouco claras e podem retardar o desenvolvimento e a implantação de aplicações inovadoras”, disse Boniface de Champris, gestor para a Europa do CCIA, um lobby do setor.

Por seu lado, o Observatório Multinacional (França), o Observatório Europa Corporativa (Bélgica) e o LobbyControl (Alemanha) temem que os lobbies enfraqueçam a implementação das regras em torno da IA.

"Muitos detalhes da Lei da IA ​​permanecem em aberto e precisam ser esclarecidos (...), por exemplo, no que diz respeito a normas, limiares ou obrigações de transparência. A composição do conselho consultivo da nova agência europeia para a IA também fica pouco clara", alertaram em uma declaração conjunta.

Espera-se que os 27 estados da UE aprovem o texto em abril, antes que a lei seja publicada no Diário Oficial da UE, em maio ou junho.

(Com AFP)

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