Kremlin é "único responsável" pela morte do líder da oposição russa Alexei Navalny, diz UE

O opositor russo Alexei Navalny, conhecido como o inimigo número 1 do Kremlin, está morto, anunciou nesta sexta-feira (16) a penitenciária do distrito de Iamália-Nenétsia, no Ártico russo. Navalny foi transferido para o local em dezembro do ano passado para cumprir sua pena.

O opositor russo Alexei Navalny em janeiro de 2024, durante uma audiência © Madiazona/Alexandra Astachova

Em um comunicado publicado em seu site, a administração penitenciária escreve que Alexei Navalny, 47 anos, "sentiu-se mal" após uma caminhada "e perdeu a consciência" logo em seguida. Os médicos tentaram reanimá-lo, "mas não foi possível", acrescenta o comunicado.

Alexei Navalny foi transferido em dezembro passado de Moscou para a colônia penal IK-3 em Kharp, no distrito da Iamália-Nenétsia, no extremo norte do país, cerca de 1.900 km a nordeste da capital russa. 

O Kremlin afirma não ter outras informações sobre as causas da morte do opositor. O presidente russo, Vladimir Putin, que concorrerá a um novo mandato em poucas semanas, disse que "verificações" estão em andamento.

Leonid Volkov, um dos colaboradores próximos do ativista, e o vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2021, Dmitry Muratov, denunciaram o "assassinato". "Estou convencido de que suas condições de detenção levaram a sua morte", disse Muratov, editor do jornal Novaya Gazeta, proibido por Moscou.

A UE considera "o regime russo" "o único responsável pela trágica morte" do líder da oposição Alexei Navalny, na sexta-feira, na prisão do Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos, disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

"Alexei Navalny lutou pelos valores da liberdade e da democracia. Por seus ideais, ele se sacrificou. Minhas sinceras condolências à sua família e aos que lutam pela democracia em todo o mundo. Eles estão morrendo, mas a luta pela liberdade nunca vai acabar", escreveu na rede X (ex-Twitter).

Sistema de opressão

O ministro das Relações Exteriores francês, Stéphane Séjourné, denunciou o "sistema de opressão" russo. "Alexei Navalny pagou com a vida por resistir a um sistema de opressão. Sua morte em uma colônia penal traz à tona a realidade do regime de Vladimir Putin. À sua família, seus parentes e ao povo russo, a França apresenta suas condolências", escreveu também no X.

Em 2020, Navalny havia sido vítima de uma tentativa de envenenamento com a substância novichok. Ele foi tratado na Alemanha antes de voltar para a Rússia, onde foi imediatamente preso. Desde então, suas condições de detenção se deterioraram, com o prolongamento da sentença.

Sua advogada disse no ano passado que ele apresentava sintomas sugestivos de "envenenamento lento". "Nós não descartamos a possibilidade de, neste momento, Alexei Navalny estar sendo lentamente envenenado, morto lentamente para atrair menos atenção", escreveu ela na rede X.

Com informações da AFP