Civis documentam 100 mil crimes de guerra na Ucrânia; opositor diz que Putin não dura 5 anos
Nos próximos cinco anos haverá uma mudança de poder na Rússia. Quem prevê a queda de Vladimir Putin, devido às consequências da invasão na Ucrânia, é o opositor e bilionário russo Mikhaïl Khodorkovski, em entrevista ao jornal Le Figaro, nesta sexta-feira (6). Khodorkovski vive no exílio, em Londres, onde dirige a ONG Open Russia e acaba de publicar um novo livro. A imprensa francesa também registra os 100 mil crimes de guerra já documentados na Ucrânia.
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Em entrevista ao Le Figaro, Khodorkovski afirma que o recente motim da milícia paramilitar Wagner demonstrou que nem toda a população russa apoia o regime, já que acolheu positivamente os homens do grupo Wagner quando avançavam na direção de Moscou. O opositor cita a passividade de várias unidades militares durante essa operação, o que demonstra que as Forças Armadas "não estão perfeitamente unidas".
Khodorkovski acredita que se o fracasso do Kremlin se acentuar no campo de batalha, os generais russos não irão assumir suas responsabilidades e irão procurar um bode expiatório. Segundo o bilionário, que se apresenta como um defensor da democratização na Rússia, "a diáspora russa e esses emigrantes desempenharão um papel muito ativo nesse processo", desde que os primeiros sinais de queda do regime apareçam.
O jornal francês Libération mostra que desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, ao menos 100 mil crimes de guerra cometidos pela Rússia foram documentados na Ucrânia. Este trabalho "minucioso e precioso" é realizado por civis ucranianos e por uma rede de ONGs e instituições estrangeiras que se mobilizam diariamente para coletar indícios passíveis de incriminar as forças russas.
🇺🇦 Crimes de guerre en #Ukraine : les enquêteurs de l'ombre. C'est la une de @Libe vendredi.
— Libération (@libe) October 5, 2023
Lire : https://t.co/nj2k4mQp7h pic.twitter.com/oW5pSTMdMx
Esses "cidadãos detetives", de acordo com o Libération, são advogados, jornalistas, especialistas em TI, pesquisadores e professores dos quatro cantos da Ucrânia, que rapidamente se organizaram para documentar atrocidades em todo o país. Algumas associações foram criadas já em 2014, quando a Rússia anexou a península da Crimeia e a guerra no Donbass começou. Entre elas estão a União Ucraniana de Direitos Humanos de Helsinque (UHHRU), que começou a investigar em 2015. Mas a maioria só foi formada após a invasão russa no início do ano passado.
Ex-comandante americano na Otan critica Biden
Também nas páginas do Le Figaro, o general americano reformado Ben Hodges, ex-comandante-chefe das forças terrestres da Otan na Europa, afirma que a guerra na Ucrânia não está fadada a ser um conflito de longo prazo.
Em um longo artigo publicado no diário francês, Hodges critica a recusa do governo de Joe Biden em declarar claramente que o objetivo da estratégia dos EUA é "ajudar a Ucrânia a alcançar a vitória". Na opinião do general reformado, a postura do "vamos ajudar a Ucrânia pelo tempo que for necessário (...) é uma declaração absolutamente vazia", que serve apenas para mascarar o medo do Ocidente de uma escalada nuclear.
"Putin interromperá a guerra quando perceber que vai perdê-la e, para que isso aconteça, os presidentes dos EUA, da França, o chanceler alemão e o primeiro-ministro britânico devem dizer juntos que a Ucrânia deve vencer." Hodges também acredita que a Crimeia é "o terreno decisivo da guerra". "Quem controlar a Crimeia será o vencedor do conflito", conclui.
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