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Rússia tenta contestar legitimidade de Tribunal da ONU para julgar guerra na Ucrânia

Moscou questionou Kiev nesta segunda-feira (18) perante o Tribunal Internacional de Justiça, no momento em que os dois países se enfrentam nesta corte da ONU em um processo lançado pela Ucrânia, que acusa a Rússia de ter usado indevidamente alegações de genocídio para justificar sua invasão em fevereiro de 2022. O debate também gira em torno da legitimidade deste tribunal para julgar a ação russa no território ucraniano.

Militares ucranianos perto do vilarejo de Andriivka, na região de Donetsk, em 16 de setembro de 2023.
Militares ucranianos perto do vilarejo de Andriivka, na região de Donetsk, em 16 de setembro de 2023. AP - Alex Babenko
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A discussão começou a partir da alegação do presidente russo, Vladimir Putin, para justificar a invasão lançada em 24 de fevereiro de 2022 na vizinha Ucrânia. Na época, o líder do Kremlin havia acusado Kiev de orquestrar um "genocídio" contra as populações russófonas do leste ucraniano

Dois dias depois do início do conflito, Kiev levou o assunto ao tribunal, “negando categoricamente” esta acusação, argumentando que o uso do “genocídio” pela Rússia como pretexto iria contra a Convenção da ONU sobre o genocídio, de 1948.

Agora, em sua resposta diante do Tribunal Internacional de Justiça, Moscou afirma ter apenas usado o termo genocídio, mas nega ter invocado a Convenção do Genocídio da ONU como razão para lançar sua guerra contra seu vizinho. O que, segundo a Rússia, invalidaria uma acusação neste tribunal. 

Meras “declarações” sobre genocídio não podem ser aceitas sob o direito internacional, incluindo a Convenção sobre Genocídio, argumentou Gennady Kuzmin, o primeiro diplomata russo a se dirigir ao tribunal no caso. Durante sua declaração, separado por apenas alguns metros de altos funcionários ucranianos, ele acusou novamente o governo de Kiev de “russofóbico e neonazista”.

“Quanto às preocupações expressas em relação à ameaça de genocídio, como indiquei, não podem ser surpreendentes, dadas as políticas seguidas pelo regime de Kiev, firmemente ancoradas na história, doutrinas e práticas nazistas”, martelou Kuzmin aos juízes. A posição jurídica da Ucrânia é “insustentável” e “vai contra a jurisprudência bem estabelecida” do tribunal, concluiu.

“Medida cautelar”

O caso debatido no suntuoso Palácio da Paz em Haia também diz respeito a legitimidade da mais alta instância jurídica da ONU para ordenar o fim do conflito na Ucrânia. Em março de 2022, o tribunal apoiou a Ucrânia, ordenando à Rússia que “suspendesse imediatamente” suas operações militares em curso na Ucrânia.

Esta disposição de emergência, denominada “medida cautelar” foi pronunciada pelos juízes, enquanto se aguardava uma decisão sobre a competência do tribunal para decidir o caso. Mas para a Rússia, a corte da ONU não tem legitimidade, já que o processo da Ucrânia não se enquadraria no âmbito da Convenção sobre Genocídio de 1948.

Moscou irá apresentar seus argumentos nesta segunda-feira, e Kiev deverá responder na terça-feira (19).

Esta é a primeira vez que um representante russo se dirige ao tribunal neste caso. Moscou já havia renunciado a algumas audiências, alegando que não havia tido tempo suficiente para preparar seus argumentos.

Mais de 30 outros países – todos aliados ocidentais da Ucrânia – também terão a oportunidade de intervir a favor de Kiev. O Brasil não integra esta corte.

As audiências continuarão até 27 de setembro. Após o processo, os juízes decidirão se o tribunal tem competência para julgar o caso. O parecer da corte pode demorar meses.

(Com informações da AFP)

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