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Imprensa europeia celebra resistência da esquerda na Espanha

A imprensa europeia analisa nesta segunda-feira (24) a resistência dos socialistas na Espanha e as incertezas criadas pelos resultados das legislativas antecipadas realizadas neste domingo (23) no país.

O líder socialista e primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, acena para simpatizantes durante as eleições gerais, em Madri, em 23 de julho de 2023.
O líder socialista e primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, acena para simpatizantes durante as eleições gerais, em Madri, em 23 de julho de 2023. REUTERS - NACHO DOCE
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Desafiando todas as previsões, os socialistas perderam por pouco para a direita. Com 100% dos votos apurados, o Partido Popular (PP, direita) de Alberto Núñez Feijóo, elegeu 136 deputados, enquanto o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, esquerda) obteve 122. 

Seus aliados potenciais, o partido de extrema direita Vox e o de esquerda radical Sumar, obtiveram respectivamente 33 e 31 cadeiras. Para obter a maioria absoluta no Legislativo, eram necessários 176 deputados, o que nem o PP nem o PSOE conseguiram somando os aliados.

O conservador Feijóo reivindicou a presidência do governo, mas o primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, tem chances de continuar no poder, caso consiga costurar uma ampla aliança com deputados verdes, comunistas e independentistas. 

Na França, o diário conservador Le Figaro diz que o partido que pode fazer a diferença para essa aliança é o do ex-presidente pró-independência da Catalunha, Carles Puigdemont, que foi morar na Bélgica para evitar processos nos tribunais espanhóis.

O Junts obteve sete deputados, mas o partido se opõe sistematicamente a todas as instituições espanholas, inclusive ao governo, até mesmo ao de Sánchez, que perdoou seus companheiros políticos e reformou o código penal em favor deles. A líder da lista para as eleições disse: "Não vamos empossar Pedro Sánchez sem algo em troca". "O que é sempre melhor do que um 'não' categórico", escreve o Le Figaro.

Um especialista em política espanhola avalia para o progressista Libération que a direita não obteve a maioria absoluta no Parlamento, mesmo se unindo ao partido de extrema direita Vox, "porque não tinha nada de concreto para oferecer em oposição ao governo"

No Reino Unido, a manchete do Financial Times alerta que a Espanha "mergulhou na incerteza política após o impasse eleitoral".

Extrema direita convence no discurso, mas não na ação 

Diante da derrocada da extrema direita, que perdeu 19 cadeiras no Parlamento, o jornal alemão Die Zeit intitula: "Discursos radicais são recompensados, mas ações radicais não são". Segundo o Die Zeit, o fracasso do Vox demonstra esta realidade, embora a Europa esteja se movendo para a direita.

Em Portugal, o jornal Público diz que "Sánchez dribla as sondagens e Feijóo ganha sem capacidade para formar maioria absoluta". "Os resultados dão a ideia de que pode haver um bloqueio na formação de um novo governo", destaca o veículo.

O italiano Corriere della Sera constata que "a grande guinada política não está mais próxima na Espanha". O diário de Milão nota o bom resultado da Sumar, a recém-formada coligação de esquerda liderada pela vice-premiê Yolanda Diaz, à qual o Podemos se juntou, obtendo o quarto lugar com 31 assentos no Parlamento.

"O Vox se confirma como o terceiro partido na Espanha, mas provavelmente deixa de sonhar em se tornar um partido de governo em nível nacional, como conseguiu fazer em muitos municípios e regiões de Extremadura e Valência nas eleições regionais", conclui o Corriere della Sera

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