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Relatório da ONU acusa Rússia e Ucrânia de torturas e execuções sumárias na guerra

A ONU alertou nesta sexta-feira (24) quanto à provável ocorrência de execuções sumárias de prisioneiros de guerra, que estariam sendo realizadas por forças ucranianas e russas no conflito na Ucrânia. A diretora da Missão de Supervisão de Direitos Humanos na Ucrânia, Matilda Bogner, observou que a organização documentou assassinatos suspeitos de ambos os lados.

Soldados ucranianos disparam morteiro nas proximidades de Bakhmut, alvo de intensos ataques da Rússia. (23/03/2023)
Soldados ucranianos disparam morteiro nas proximidades de Bakhmut, alvo de intensos ataques da Rússia. (23/03/2023) © VIOLETA SANTOS MOURA / REUTERS
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"Estamos profundamente preocupados com a execução sumária de até 25 prisioneiros de guerra russos e pessoas fora do combate pelas forças armadas ucranianas, que documentamos", disse Bogner em entrevista coletiva na capital ucraniana, Kiev.

A funcionária da ONU destacou que, em vários casos, essas execuções foram perpetradas imediatamente após a captura no campo de batalha. "Embora estejamos cientes de que as autoridades ucranianas estão investigando cinco casos, não sabemos se os autores foram processados", acrescentou.

Acusações mútuas

Bogner também expressou "profunda" preocupação com a "execução sumária de 15 prisioneiros de guerra ucranianos logo após sua captura pelas forças russas". A funcionária disse que o grupo mercenário russo Wagner, que afirma estar liderando a ofensiva russa na cidade ucraniana de Bakhmut, onde ocorre a batalha mais feroz da guerra, é responsável por 11 dessas mortes.

Ucrânia e Rússia acusaram-se mutuamente de maltratar prisioneiros de guerra desde que o presidente russo, Vladimir Putin, lançou uma invasão no ano passado. Em um relatório divulgado na sexta-feira, a missão de monitoramento de direitos humanos das Nações Unidas afirmou que membros das forças armadas ucranianas submeteram prisioneiros de guerra russos a ameaças de morte, execuções simuladas ou ameaças de violência sexual.

Em vários casos, os espancamentos foram "puramente retaliatórios", segundo o documento. "Em alguns casos, os oficiais espancaram prisioneiros de guerra dizendo 'isso é por Bucha'", disse a missão, referindo-se a uma cidade perto de Kiev na qual as forças russas foram acusadas de ter cometido atrocidades.

Torturas e execuções

“Antes do interrogatório, eles me mostraram um cabo de machado coberto de sangue como um aviso”, disse um prisioneiro de guerra russo citado no relatório, que afirmou ter sido torturado com choques elétricos.

O relatório também denuncia os maus-tratos sofridos pelos prisioneiros de guerra ucranianos nas mãos das forças russas, incluindo tortura, negação de tratamento médico que às vezes resultou em morte, violência sexual, negação de acesso à água e à comida.

Prisioneiros de guerra ucranianos relataram ter sido torturados e maltratados para obter informações ou como punição. Eles disseram que foram espancados com pás, esfaqueados, eletrocutados e estrangulados.

"Alguns deles perderam dentes ou dedos, tiveram suas costelas, dedos ou nariz quebrados", citou o relatório. "Eles não apenas nos espancaram, eles nos quebraram. Eles usaram seus punhos, suas pernas, cassetetes, tasers. Alguns prisioneiros de guerra tiveram seus braços ou pernas quebrados", contou um homem citado no texto.

No início de março, um vídeo que mostrava a suposta execução de um prisioneiro de guerra ucraniano por soldados russos causou comoção na Ucrânia.

Em novembro, o Kremlin ficou indignado com dois vídeos que mostravam a suposta execução de uma dezena de soldados russos que acabavam de se render às forças ucranianas.

Com informações da AFP

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