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Ferroviário que assumiu responsabilidade por colisão de trens na Grécia ganha 24h para preparar defesa

O depoimento do chefe de estação, que assumiu a responsabilidade no desastre ferroviário que matou 57 pessoas na Grécia, estava previsto para este sábado (4). Porém, ele obteve mais 24 horas da Justiça para preparar a sua defesa. Revelações sobre a sua inexperiência no cargo se multiplicam, enquanto a população continua revoltada.

Cerca de 3.000 manifestantes se reuniram na noite de sexta-feira em frente ao Parlamento, em Atenas, na Grécia.
Cerca de 3.000 manifestantes se reuniram na noite de sexta-feira em frente ao Parlamento, em Atenas, na Grécia. AP - Yorgos Karahalis
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A Justiça grega decidiu adiar para domingo (5) a audiência deste homem, de 59 anos, acusado de ter cometido um erro fatal que levou ao acidente, na noite de terça-feira (28), de acordo com o advogado Stefanos Pantzartsidis. O juiz de instrução de Lárissa, cidade mais próxima do local do acidente, terá de decidir ao final desta audiência se acusa o ferroviário de "homicídio culposo por negligência".

Segundo o jornal grego Kathimerini, a Justiça busca entender como um inexperiente chefe de estação se viu, sozinho, sem ninguém para supervisioná-lo, na estação de Lárissa por quatro dias, quando o tráfego ferroviário nesta linha era intenso devido a um fim de semana prolongado por causa de um feriado ortodoxo. Este homem, cuja identidade não foi revelada, também recebeu apenas 40 dias de treinamento para se tornar um chefe de estação.

De acordo com uma fonte judicial, a investigação visa “instaurar processos criminais, se for o caso, contra os membros da direção da empresa” Hellenic Train, já que degradação da rede é apontada. A palavra "assassinos" foi pintada em letras vermelhas na janela da sede da empresa, em Atenas, diante da qual mais de 5.000 pessoas enfurecidas se reuniram na sexta-feira, exigindo que se apurem as responsabilidades. A empresa é acusada de inúmeras negligências e falhas que levaram a este desastre descrito como uma "tragédia nacional" pelas autoridades.

Uma busca foi realizada na sexta-feira, (3) na estação de Lárissa. O governo grego também decidiu nomear uma comissão de especialistas para investigar as causas do acidente.

Novas manifestações

Novas manifestações são esperadas na noite deste sábado na Grécia. Além disso, um grande encontro de estudantes, ferroviários e do setor público está agendado para este domingo, às 11h (7 horas em Brasília), na Praça Syntagma, em frente ao Parlamento grego.

"Estamos cheios de raiva e não podemos aceitar que um evento tão trágico possa acontecer em 2023", disse o presidente do sindicato estudantil, Angelos Thomopoulos.

Estudantes universitários protestam em frente à sede da operadora privada Hellenic Train, em Atenas.
Estudantes universitários protestam em frente à sede da operadora privada Hellenic Train, em Atenas. AP - Petros Giannakouris

As famílias das vítimas também planejam se reunir domingo na estação de Tempé, próxima ao local da tragédia. 

Os enterros das vítimas começaram a ser feitos, em clima de muita comoção. O drama abalou toda a Grécia, em particular porque as vítimas eram muito jovens, a maioria estudantes que regressavam de um longo fim de semana em Tessalônica, a grande cidade universitária do norte.

Desde o dia seguinte ao desastre, os gregos saíram às ruas para expressar sua decepção e tristeza, acusando as autoridades de negligência e apontando o dedo para o estado de degradação da infraestrutura ferroviária do país.

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