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Sob aplausos de milhares de fiéis, caixão de Bento 16 é levado para cripta da Basílica de São Pedro

Após um funeral presidido pelo papa Francisco, o caixão de Bento 16, falecido aos 95 anos, foi sepultado na manhã desta quinta-feira (5) no interior da Basílica de São Pedro. Em um dia histórico para a Igreja Católica, o adeus ao papa emérito reuniu cerca de 50 mil pessoas no Vaticano, entre fiéis, religiosos, chefes de Estado e de governo, como o chanceler alemão, Olaf Scholz, e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

Altar montado na Praça São Pedro com o caixão, simples, contendo o corpo do papa emérito Bento 16.
Altar montado na Praça São Pedro com o caixão, simples, contendo o corpo do papa emérito Bento 16. AP - Ben Curtis
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O sóbrio caixão de madeira de Joseph Ratzinger, que deixou a Praça São Pedro sob os aplausos dos fiéis, ficará na cripta onde descansou o predecessor do pontífice alemão, João Paulo 2°, até sua beatificação em 2011, data em que seus restos mortais foram removidos do local.

Uma multidão assistiu à missa fúnebre de duas horas e meia celebrada pelo papa Francisco em italiano, pontuada por cânticos em latim e intervenções de participantes em vários idiomas, entre eles o português. Na praça, próximo do altar onde Francisco celebrou a homilia, havia bandeiras da Alemanha, país de nascimento do papa emérito, da Argentina, onde nasceu o pontífice em exercício, mas também do Brasil. 

Foi a primeira vez na história recente da Igreja que um papa sepultou o seu antecessor. Bento 16 faleceu no sábado (31), depois de passar vários anos recolhido devido à lenta deterioração de seu estado de saúde. Ele renunciou ao cargo em 2013, quando percebeu que não conseguiria mais exercer as responsabilidades de chefe da Igreja Católica. 

Conforme a tradição, o caixão leva moedas e medalhas cunhadas durante o pontificado do papa emérito, as suas vestes litúrgicas e um texto descrevendo brevemente o seu legado, colocado em um cilindro metálico. O tema dos abusos no seio da Igreja é referido no documento, que sublinha que Bento 16 “lutou com firmeza contra os crimes cometidos por representantes do clero contra menores e pessoas vulneráveis”, e que reclamou continuamente à Igreja “conversão”, “oração”, “penitência” e “purificação”.

"Que a tua alegria seja perfeita" 

O papa Francisco passou a maior parte da cerimônia sentado. Para se locomover, usou uma bengala. Ele encerrou a homilia dedicada a Bento 16 com as seguintes palavras: "Pai, nas tuas mãos entregamos o seu espírito". "Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz!", acrescentou, diante de milhares de fiéis.

A capital italiana amanheceu encoberta por uma forte neblina, enquanto a multidão silenciosa foi ocupando as cadeiras instaladas em setores reservados às autoridades, aos cardeais e religiosas de várias ordens, além do público. Mais de 120 cardeais, 400 bispos e quase quatro mil sacerdotes estiveram presentes no adeus a Bento 16.

O caixão de madeira, simples, foi posicionado diante do altar, sobre o qual foi colocado um Evangelho aberto. O secretário particular do papa emérito, Dom Georg Gänswein, beijou a urna quando ela foi depositada no chão, gesto que depois foi repetido pelo papa Francisco. No altar, o pontífice argentino dividiu a cerimônia com o cardeal-decano Giovanni Battista Re.

O Vaticano informou que o funeral seguiu o protocolo de um papa reinante, com algumas modificações. Francisco citou Bento uma única vez, no final, mas as referências foram extraídas de textos do papa emérito: a Encíclica “Deus caritas est”, a homilia na Missa Crismal de 2006 e a missa do início do seu pontificado, informa o site do Vaticano. 

Fecha-se um ciclo inédito na história da Igreja

A morte de Bento 16 encerrou dez anos de convivência entre dois homens de branco no Vaticano, algo inédito nos 2 mil anos de história da Igreja. Um brilhante professor de teologia, Ratzinger foi um intelectual reservado que nunca esteve muito à vontade com a mídia e a multidão. Dutante 25 anos, ele defendeu os dogmas da Igreja em Roma à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, antes de ser eleito papa em 2005. Seu pontificado foi marcado por múltiplas crises, como o escândalo "Vatileaks", em 2012, que expôs uma vasta rede de corrupção no Vaticano.

No início de 2022, um relatório na Alemanha questionou o tratamento que ele concedeu às denúncias de violência sexual quando foi arcebispo de Munique. Sob pressão, o papa emérito quebrou seu silêncio para pedir "perdão", mas assegurou que nunca havia encoberto um pedófilo.

Com informações da AFP

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