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Putin anuncia cessar-fogo de dois dias na Ucrânia durante Natal ortodoxo; Kiev denuncia hipocrisia

O presidente russo Vladimir Putin ordenou nesta quinta-feira (5) que seu exército respeite um cessar-fogo na Ucrânia durante o Natal ortodoxo, celebrado em 6 e 7 de janeiro. Esta é a primeira trégua importante desde o começo da invasão há quase um ano. Mas Kiev considerou a medida uma “hipocrisia”.

Após conversa telefônica com o patriarca Kirill da Igreja Ortodoxa Russa e com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, Vladimir Putin anunciou, em um comunicado, a ordem de cessar-fogo na Ucrânia, por dois dias, 6 e 7 de janeiro, nesta quinta-feira, 5 de janeiro de 2022.
Após conversa telefônica com o patriarca Kirill da Igreja Ortodoxa Russa e com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, Vladimir Putin anunciou, em um comunicado, a ordem de cessar-fogo na Ucrânia, por dois dias, 6 e 7 de janeiro, nesta quinta-feira, 5 de janeiro de 2022. AP - Mikhail Klimentyev
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O anúncio foi feito após uma ligação do patriarca ortodoxo russo Kirill intercedendo pela trégua, mas também depois de uma proposta do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que teve uma conversa telefônica com Putin na manhã desta quinta-feira.

“Tendo em conta o pedido de Sua Santidade o patriarca Kirill, eu encarrego o ministro russo da Defesa de introduzir um regime de cessar-fogo sobre toda a linha de contato entre as partes na Ucrânia a partir de 12h00 de 6 de janeiro deste ano até 24h00 de 7 de janeiro”, disse o presidente russo, citado em um comunicado do Kremlin.

Putin também pediu às forças ucranianas que respeitem a trégua para dar a possibilidade aos ortodoxos, confissão majoritária na Ucrânia e na Rússia, de “participar das celebrações da véspera de Natal e no dia do nascimento do Cristo”.

O cessar-fogo constitui a primeira trégua de caráter geral desde o começo da guerra em fevereiro de 2022. Somente acordos locais tinham sido concluídos até agora, como a trégua estabelecida para a retirada de civis da usina Azovstal, em Mariupol (no sudeste), em abril.

“A Rússia deve sair dos territórios ocupados, somente assim haverá uma ‘trégua temporária’. Deixem de hipocrisia”, reagiu no Twitter o conselheiro da presidência ucraniana Mykhailo Podoliak.

 

Mediação da Turquia

Na conversa telefônica com Vladimir Putin, Erdogan propôs um “cessar-fogo unilateral” com o objetivo de apoiar “os pedidos de paz e as negociações entre Moscou e Kiev”.

O presidente turco, que se posiciona como mediador no conflito, também conversou, nesta quinta-feira, com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sem mencionar um pedido de “cessar-fogo unilateral”.

Putin disse que a Rússia estava pronta para um “diálogo sério” com a Ucrânia, sob reserva que Kiev aceite as exigências russas e as “novas realidades territoriais” que surgiram com a invasão do país em fevereiro.

Moscou reivindicou em setembro a anexação de quatro regiões ocupadas, ao menos parcialmente, por seu Exército na Ucrânia, apesar de uma série de retrocessos militares no front, que fizeram a Rússia perder terreno.

O presidente ucraniano insiste na retirada total das forças russas de seu país – incluindo a Crimeia, anexada à Rússia em 2014 – antes de qualquer diálogo com Moscou. Em caso contrário, ele promete retomar pela força os territórios ocupados.  

Papel destruidor dos ocidentais

Durante as discussões com Erdogan, Putin voltou a denunciar o “papel destruidor dos países ocidentais” no conflito, através do fornecimento de armas, cruciais para a Ucrânia.  

O chefe de Estado russo acusou os ocidentais de “abarrotar o regime de Kiev de armas e equipamentos militares e de fornecer informações operacionais e de orientação”.

Membro da Otan, a Turquia não se associou às sanções contra a Rússia e tenta manter uma posição de intermediária entre Kiev e Moscou. O país desempenhou um papel importante, sobretudo no acordo que permitiu a exportação de cerais ucranianos.

Já o patriarca russo Kirill tem pouca influência na Ucrânia, desde que o país adotou uma Igreja independente em 2018-2019. No início leal a Moscou, a congregação rompeu os laços com a Rússia em maio, devido à invasão.

A trégua também é anunciada menos de uma semana após um ataque ucraniano na noite de Ano Novo que matou ao menos 89 militares russos em Makeevka, no leste da Ucrânia.

(Com informações da AFP)

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