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Croácia conta as horas para aderir à zona do euro e ao espaço Schengen

A Croácia conta as horas neste sábado (31) antes de passar sua moeda para o euro e entrar no espaço Schengen de livre circulação, dois grandes passos para este pequeno país que aderiu à União Europeia há quase uma década.

Uma kuna e uma moeda de Euro, em Zagreb, em 30 de dezembro de 2022. - Em 1º de janeiro de 2023, o Euro se tornará a moeda oficial da Croácia.
Uma kuna e uma moeda de Euro, em Zagreb, em 30 de dezembro de 2022. - Em 1º de janeiro de 2023, o Euro se tornará a moeda oficial da Croácia. AFP - DENIS LOVROVIC
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À meia-noite do horário local (20h em Brasília), a Croácia irá se despedir da sua moeda, a kuna, para se tornar no 20° membro da zona euro. Ao mesmo tempo, o país se juntará ao espaço Schengen como o 27º membro desta vasta zona onde mais de 400 milhões de pessoas podem viajar livremente, sem controles nas fronteiras internas.

No domingo (1°), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, irá à Croácia para marcar os dois eventos, anunciou o governo croata na sexta-feira (30).

Os líderes croatas apontam com frequência os benefícios esperados para esta nação dos Balcãs, que tem 3,9 milhões de habitantes e pertence à UE desde julho de 2013. O país declarou sua independência da Iugoslávia em 1991 e o conflito que se seguiu (1991-1995) causou cerca de 20 mil mortes.

A entrada na zona do euro e no espaço Schengen são "dois objetivos estratégicos para uma maior integração na UE", insistiu o primeiro-ministro conservador Andrej Plenkovic, na última quarta-feira (28).

Uma das menores economias da UE

Especialistas afirmam que a transição para o euro ajudará a proteger a economia da Croácia, uma das mais fracas da UE, em um mundo atormentado por uma inflação crescente, uma grave crise energética e insegurança geopolítica desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro. Em novembro, a inflação no país atingiu 13,5%, ante 10% na zona do euro.

Os países do Leste Europeu que são membros da UE, mas não da zona do euro, como a Polônia e a Hungria, se mostraram ainda mais vulneráveis ​​ao aumento da inflação. "O euro certamente traz estabilidade e segurança econômica", garante à AFP Ana Sabic, funcionária do Banco Nacional da Croácia (HNB), o banco central do país.

Os benefícios da adesão ao euro serão sentidos por todos os segmentos da sociedade - indivíduos, empresas e o Estado – ela insiste. Especialistas citam, em especial, a eliminação de riscos cambiais e melhores condições de financiamento diante das dificuldades econômicas.

O euro já está muito presente na Croácia. Cerca de 80% dos depósitos bancários são denominados em euro, os principais parceiros deste país mediterrânico estão na zona euro e o turismo, que representa 20% do PIB, é abastecido por uma grande clientela europeia. A Croácia recebeu quatro vezes mais turistas este ano do que o seu número de habitantes.

Rota de traficantes de armas, drogas e seres humanos

A entrada no espaço Schengen também dará um impulso ao turismo. As longas filas nas fronteiras da Croácia com seus vizinhos europeus Eslovênia e Hungria serão coisa do passado. No domingo, 73 postos de fronteira serão fechados. Nos aeroportos, a mudança ocorrerá no dia 26 de março, por motivos técnicos. Ao mesmo tempo, a situação nas fronteiras do país com seus vizinhos não pertencentes à UE - Bósnia, Montenegro e Sérvia - dificilmente mudará, onde a Croácia já aplica as regras do espaço Schengen.

A repressão da imigração ilegal continua a ser um grande desafio. Desde que o país ingressou na UE, herdou a pesada tarefa de proteger uma fronteira terrestre externa de mais de 1,3 mil km, a maior parte com a Bósnia. A Croácia está na chamada rota dos Balcãs Ocidentais usada por migrantes, mas também por traficantes de armas, drogas e seres humanos.

A fronteira com a Bósnia é a mais difícil de gerir, devido à sua extensão, mas também ao seu relevo acidentado. Após a diminuição das travessias clandestinas ligadas à crise sanitária, a Croácia registou 30 mil migrantes ilegais nos primeiros dez meses de 2022, um aumento de 150% face ao mesmo período do ano anterior.

“Os preços vão explodir”

Os croatas encaram sua entrada na zona do euro e no espaço Schengen com sentimentos contraditórios: se, em geral, acolhem bem o fim dos controles nas fronteiras, a mudança de moeda inspira desconfiança. "Vamos chorar pela nossa kuna, os preços vão explodir", lamenta Zagreb Drazen Golemac, um aposentado de 63 anos.

Sua esposa, Sandra, porém, se mostra otimista e diz ter certeza de que "o euro tem mais valor".

“Nada muda em 1º de janeiro, tudo é calculado em euros há duas décadas”, observa Neven Banic, um trabalhador. Durante muito tempo, os croatas calcularam em euros o preço de bens valiosos, como automóveis ou apartamentos.

(Com informações da AFP)

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