Madri reforça medidas de segurança após cartas-bomba enviadas ao premiê espanhol e à embaixada ucraniana
O ministério do Interior espanhol informou nesta quinta-feira (1°) que vai reforçar os dispositivos de segurança em suas repartições públicas. A medida foi tomada após a descoberta de uma série de cartas-bomba enviadas a locais estratégicos e ao chefe governo espanhol, Pedro Sánchez.
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As autoridades espanholas já estavam em alerta desde a explosão, na quarta-feira (30), de uma carta na embaixada da Ucrânia, em Madri. A deflagração causou ferimentos leves em um funcionário encarregado da segurança na representação diplomática.
Dois outros envelopes suspeitos foram interceptados na tarde de quarta-feira e na manhã desta quinta, respectivamente, na sede da empresa de armas Instalaza, em Zaragoza (nordeste), e na base militar de Torrejón de Ardoz, perto de Madri.
Os dois alvos têm uma ligação indireta com a ação espanhola no território ucraniano. A Instalaza fabrica um lançador de granadas que o governo do socialista Pedro Sánchez enviou à Ucrânia logo após a invasão russa daquele país, em fevereiro. Já a base militar é usada por aviões oficiais que transportam membros do governo espanhol, mas também é de lá que decolam aviões militares que levam armas e outros tipos de ajuda à Ucrânia.
O governo ucraniano também decidiu reforçar a segurança em suas representações diplomáticas. "O ministro [das Relações Exteriores] Dmytro Kuleba ordenou reforçar a segurança de todas as embaixadas ucranianas. Também pediu às autoridades espanholas que investiguem urgentemente este ataque", escreveu no Twitter o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko.
An explosive device hidden in an envelop detonated inside the embassy of Ukraine in Madrid. One staff member injured. FM @DmytroKuleba instructed to strengthen the security of all Ukrainian embassies. He also called on the Spanish authorities to urgently investigate this attack.
— Oleg Nikolenko (@OlegNikolenko_) November 30, 2022
Suspeita de métodos russos
Quando questionado sobre as coincidências, o embaixador ucraniano na Espanha, Serhii Pohoreltsev, apontou implicitamente para a Rússia. "Conhecemos os métodos terroristas do país agressor. Os métodos e os ataques da Rússia obrigam-nos a estar preparados para qualquer tipo de incidente, de provocação", disse o diplomata.
O nível de alerta foi reforçado após a revelação, nesta quinta-feira, de que o próprio chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, havia sido o destinatário de outra carta-bomba, interceptada há uma semana.
Segundo as autoridades locais, um "envelope com material pirotécnico dirigido ao presidente do Governo" foi "detectado e neutralizado pelos serviços de segurança" do Palácio da Moncloa no dia 24 de novembro. O ministério confirmou que a carta tinha a mesma aparência e o mesmo conteúdo que o envelope que explodiu na embaixada ucraniana.
"Aguardando o andamento das investigações e os resultados das análises que estão sendo realizadas pelos peritos da Polícia Nacional, tanto as características dos envelopes quanto o seu conteúdo são semelhantes nos quatro casos", revelou o ministério. A justiça espanhola, que abriu uma investigação por um possível crime de terrorismo após a deflagração na embaixada ucraniana, indicou nesta quinta que juntou todos os fatos em um mesmo inquérito, incluindo um quinto envelope suspeito enviado para a sede do ministério da Defesa.
Desde o começo da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, o governo espanhol tem enviado ajuda a Kiev, especialmente militar. Mais recentemente, Madri mandou geradores de eletricidade para enfrentar os ataques russos contra as infraestruturas energéticas ucranianas. O premiê também viajou em abril a Kiev para manifestar sua solidariedade ao governo do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
(Com informações da AFP)
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